Pesquisa mostra que cresceu a confiança do brasileiro nas ONGs
Segundo o relatório Brasil Giving Report 2020, a confiança do brasileiro nas ONGs passou de 72%, em 2018, para 79%, no ano passado
Por: Júlia Pereira
A pesquisa Brasil Giving Report 2020 aponta que a percepção positiva do brasileiro em relação ao trabalho das organizações não governamentais (ONGs) aumentou 7% entre 2018 e 2019.
Os dados foram coletados em agosto de 2019, ainda no cenário pré-pandemia. Foram feitas mil entrevistas online, levando em conta dados demográficos, idade e gênero.
O estudo, que monitora a cultura de doação no país, integra uma série internacional, produzida pela CAF Global Alliance, rede que trabalha na vanguarda da filantropia, e que inclui números da Austrália, Bulgária, Canadá, Índia, Rússia, África do Sul, Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, a pesquisa é conduzida pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS).
De acordo com os dados obtidos, 79% dos entrevistados disseram que o trabalho das organizações da sociedade civil em suas comunidades locais teve um impacto positivo, acima dos 72% em 2018.
As causas mais populares, tanto para doações quanto para voluntariado, são: apoio às organizações religiosas (49%), apoio às crianças ou jovens (39%) e combate à pobreza (30%).
O relatório mostra também que a participação e o engajamento nas causas sociais estão em alta: mais de 40% dos entrevistados assinaram alguma petição, um em cada cinco tem propensão a participar de campanhas, e sete em cada dez acreditam que a empresa em que trabalham deve apoiar a comunidade onde está situada.
A pandemia de Covid-19 deixou ainda mais evidente a importância da filantropia no país. Dados do Monitor das Doações mostram que já foram doados mais de R$ 5,9 bilhões no Brasil em resposta à Covid-19.
No ano inteiro de 2018, o total doado no país foi de R$ 3,25 bilhões, segundo o censo do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).
No contexto de calamidade pública, mais de 443 mil doadores apoiaram causas sociais por meio de 501 campanhas e 123 lives.
O desafio é perpetuar o movimento #comopossoajudar? no período pós-pandemia, a fim de fortalecer uma cultura de doação no Brasil.
Uma das campanhas que se engajam nessa causa é o Dia de Doar que, desde 2012, é realizada em novembro, após o feriado americano Thanksgiving. Neste ano, aconteceu a edição Dia de Doar Agora, visando arrecadar doações para o enfrentamento da pandemia.1
Entre os obstáculos que impedem o país de criar uma cultura de doação fortalecida está o costume de não revelar a doação, uma vez que grandes quantias podem ser vistas como ostentação.
Além disso, há entraves tributários. O Brasil é um dos três países do mundo, assim como a Croácia e a Coreia do Sul, que ainda mantém um imposto sobre a doação de herança, o chamado Imposto sobre Transmissão de Causa Mortis e Doação (ITCMD), sem discriminar se é para interesse público. No Estado de São Paulo, a taxa chega a 4%.
Fonte: Folha de S.Paulo