Projeto leva livros infantis para muros de ruas em Brasília
Obras literárias são grafitadas página a página nos muros de Brasília. O projeto deu origem ao ‘Livro de Rua’, em que o grafite substitui o papel
Por: Mariana Lima
Com o objetivo de popularizar e democratizar a leitura, o escritor Hugo Barros criou algo que pode ser considerado o “primeiro livro do mundo impresso em um muro”, originando o projeto ‘Livro de Rua’, em que o papel dá lugar ao grafite.
Em 2018, seu livro infantojuvenil ‘O menino invisível’ foi colocado primeiramente nos 80 metros de comprimento das paredes de um posto de gasolina em Brasília, através das ilustração da artista brasileira Camila Santos, conhecida como Siren, página por página da obra.
Hugo buscou uma artista que não trabalhasse com traços infantis e que não adaptasse seus traços ao contexto da obra, visando trazer uma nova interpretação artística que alcançasse todos os públicos que acompanhassem a história no muro.
A obra grafitada ainda pode ser lida, uma vez que as ilustrações seguem com uma boa visibilidade. O primeiro trabalho de Hugo no papel é sobre um menino que tem o poder de ficar invisível.
Mino, personagem central da história, ocupa o papel de uma espécie de super-herói que passa despercebido por quem cruza seu caminho. Na história, as pessoas fingem não ver o menino, assim como a arte de rua, mas a sua narrativa segue nas paredes, sob as marquises de qualquer metrópole.
No momento, com o avanço da pandemia de Covid-19, os grafites estão paralisados, mas Hugo ressalta que já tem outros três livros prontos para serem lançados pelos muros.
A motivação para criar esses livros a céu aberto veio com os diversos “nãos” de editoras tradicionais e uma certa resistência à autopublicação.
Por muito pouco sua história não se tornou livro, pois ao inscrever a obra na Agência Brasileira do ISBN (espaço em que a sequência numérica global com dados de um texto a ser publicado é criada) foi informado que o código só era dado para livros.
Hugo entrou com um pedido de reanálise, e recebeu o parecer positivo no mesmo dia em que dava uma palestra na Bienal do Livro de SP, em 2018.
Após conseguir o código e imprimir sua obra nos muros da cidade, Hugo lançou a versão da história este ano pela editora Peirópolis.
Parte da renda arrecadada com a comercialização da obra será revertida para o Projeto Quixote, que atua para prestar um auxílio clínico e pedagógico para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Fonte: ECOA – UOL