Projeto revela o que refugiados levam ao deixarem suas casas
O projeto ‘A Coisa Mais Importante’ registra a trajetória destas pessoas e quais circunstâncias as levaram à fuga
Por: Isabela Alves
De acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em todo o mundo, mais de 68,5 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas. Deste total, 25,4 milhões de indivíduos cruzaram fronteiras nacionais e receberam o status de refugiados. Entre os principais motivos para esses deslocamentos estão as guerras, violência e perseguições.
Diante desta situação, a ACNUR, em parceria com o fotógrafo Brian Sokol, está trabalhando há sete anos em um projeto de retrato de refugiados, chamado ‘A Coisa Mais Importante’. A iniciativa registra, por meio de imagens e entrevistas, a trajetória destas famílias, quais circunstâncias as levaram à fuga, e elementos de suas vidas e culturas.
Até o momento, cerca de 60 refugiados, de seis países diferentes, participaram do projeto de fotografia. Confira agora a história de alguns deles:
O instrumento que traz boas memórias e um alívio para as tristezas
Nesta fotografia, Omar segura o instrumento musical buzuq, um alaúde de pescoço longo com trastes. Este objeto foi a coisa mais importante que ele conseguiu levar para o campo de refugiados de Domiz, na região do Curdistão, no Iraque. Omar decidiu fugir quando seu vizinho e seus dois filhos foram esfaqueados dentro da própria casa. Segundo ele, o buzuq lhe faz relembrar a sua pátria e traz um conforto em meio a tanta tristeza.
O animal de estimação que traz esperança
Quando deixou o Mali, um país africano, com sua esposa e dois filhos, Aboubacar levou a roupa que estava no corpo, um pouco de dinheiro e a sua única cabra. Para ele, o bichinho de estimação lhe traz alegria e a esperança de que esta situação melhore. Atualmente, a família mora em um abrigo no campo de refugiados de Goudebou, em Burkina Faso.
A panela pequena para a viagem e grande o suficiente para alimentar toda a família
Durante meses, Magboola e sua família resistiram a ataques aéreos na aldeia de Bofe, no estado do Blue Nile, no Sudão. Em uma noite, soldados abriram fogo no local e ela teve que abandonar sua casa. Ao lado das 3 filhas, ela viajou por 12 dias até a cidade de El Fudj, na fronteira do Sudão do Sul.
A coisa mais importante que conseguiu levar no momento da fuga foi essa panela que, segundo ela, era pequena o suficiente para levar na viagem, e grande o suficiente para alimentar a sua família durante a jornada. Atualmente, esta família está no campo de refugiados de Jama, no condado de Maban, no Sudão do Sul.
Fonte: ONU Brasil