Quase 70% dos vídeos mais vistos do YouTube na França são sexistas
De acordo com estudo realizado por uma ONG francesa, um quarto dos vídeos mais populares na plataforma banaliza a violência contra as mulheres
Por: Mariana Lima
Analisando os 200 vídeos mais populares do YouTube na França, entre 2019 e 2020, a Fundação das Mulheres, em parceria com a Universidade Sciences Po de Paris, apontou que 68% do material contém conteúdo sexista, especialmente clipes de música (74%). Esses conteúdos representam três quartos dos vídeos mais acessados pelos franceses.
De todo o conteúdo analisado, 57% apresentam estereótipos masculinos “associados a valores positivos como poder e coragem”. Além disso, 39% trazem estereótipos femininos “com conotação negativa, como sentimentalismo e submissão”.
O estudo ainda revela que mais de 20% do material mais visto no YouTube exibe mulheres “sexualizadas”, protagonizando “movimentos eróticos” ou “poses lascivas”.
Além disso, 35% dos vídeos analisados mostram “uma imagem degradante das mulheres”. Muitas têm um papel apenas “estético e inativo”, aparecem sendo alvo de assédio de rua ou são filmadas com um enquadramento focalizado nos quadris ou bustos, aponta a pesquisa.
O fenômeno se acentuou durante a crise causada pela pandemia. Quase 43% dos vídeos listados durante o primeiro confinamento apresentam uma imagem degradante das mulheres. Durante o segundo confinamento, 75% dos vídeos listados apresentaram conteúdo estereotipado.
A Fundação das Mulheres também aponta “sequências problemáticas” nos clipes musicais, em que garotas jovens são alvo de insultos sexistas e comentários misóginos.
Em um dos vídeos analisados, o vocalista “evoca sua intenção de embebedar uma mulher para poder ter relações sexuais com ela”, uma prova, segundo as autoras do estudo, “da normalização da cultura do estupro”. Na análise de outra produção musical, o personagem principal, um homem, canta ao lado dos cadáveres da ex-namorada e seu amante, ambos envoltos em um plástico transparente.
A sexualização das personagens diz respeito apenas às personagens femininas, enquanto os comentários com conotação sexual observada são proferidos em 96% das vezes pelos homens. Quando relacionamentos entre personagens femininos e masculinos são observados, sempre são as mulheres que são submissas.
Um quarto dos vídeos estudados apresenta pelo menos uma forma de violência, que em quase 99% dos casos é cometida por personagens masculinos.
Fonte: Universa | UOL