Que culpa elas têm? Sobe o número de mortes de crianças no Brasil
As crianças brasileiras estão morrendo, vítimas do descaso com a segurança, o bem-estar e a saúde delas. Elas são vítimas de negligência, doenças e assassinatos.
As chamadas fake news (notícias falsas, em português) sobre vacinas contribuíram para a morte de muitos pequenos. O número de crianças mortas por causa de gripes triplicou no Brasil em 2018, segundo o Ministério da Saúde. Foram 44 mortes esse ano (até o dia 16 de junho), contra 14 óbitos registrados no mesmo período em 2017. Até o momento, 3,6 milhões de crianças menores de cinco anos não foram vacinadas, segundo informações do Ministério da Saúde.
Além disso, após 15 anos de queda, a mortalidade infantil voltou a crescer no país. Em 2016, o número de óbitos evitáveis entre crianças de um a quatro anos cresceu 11%, segundo o DATASUS (Tecnologia da Informação a Serviço do SUS). Apenas Mato Grosso, Santa Catarina, Distrito Federal, Sergipe e Tocantins diminuíram seus índices de mortes evitáveis nesta faixa etária. Em Roraima, o aumento chegou a 43% e, se olhados os dados referentes aos indígenas, o número de mortes se elevou em 106%.
Segundo um estudo divulgado na revista científica Plos Medicine, cortes orçamentários em saúde básica e assistência social podem levar a até 20 mil mortes e 124 mil hospitalizações de crianças com menos de 5 anos até 2030. Mortes que poderiam ser evitadas com investimentos no programa Estratégia Saúde da Família e no Bolsa Família.
As nossas crianças também estão sendo assassinadas por armas de fogo. Segundo a Fundação Abrinq, 9.164 crianças e adolescentes foram assassinados por armas de fogo em 2016. Ou seja, mais de 25 crianças e adolescentes por dia. Em 2015, foram 8.647 homicídios do tipo no total. E em 1996 foram 3.837. Isso significa que em duas décadas o número de homicídios com armas de fogo contra crianças e adolescentes mais que dobrou.
O descaso do poder público, as falsas notícias e a violência do Brasil estão ceifando a vida de milhares de crianças brasileiras. E fica a pergunta: que culpa elas têm?