Redoshi: aos 12 anos ela foi sequestrada, vendida e escravizada
Redoshi vivia na África Ocidental quando sua aldeia foi invadida, seu pai foi morto e ela foi sequestrada, vendida e levada como escravizada para os Estados Unidos
Sua data de seu nascimento não é conhecida com exatidão, mas acredita-se que Redoshi tenha nascido em 1848, quando surgiram seus primeiros registros em uma aldeia na África Ocidental, onde atualmente o território é de Benin.
O nome Redoshi foi visto 14 vezes no banco de dados de origens africanas, mantido pelos Estados Unidos, mas a confirmação de sua identificação partiu de outros episódios distintos.
Quando Redoshi era criança, a aldeia onde ela morava foi atacada por invasores, mandados pelo povo de Daomé. Seu pai foi uma das vítimas fatais da carnificina. A garota, na época com 12 anos de idade, foi capturada e vendida.
O navio Clotilda ficou conhecido como o último navio negreiro que contrabandeou escravizados para os Estados Unidos, meses antes da Guerra Civil americana.
Redoshi era uma das 100 crianças, adolescentes e jovens adultos africanos que chegariam ao Alabama ilegalmente por ele, no mesmo ano de captura, porém, teriam um longo caminho repleto de sofrimento.
Dentro do navio, a jovem foi colocada em um quarto com outro homem capturado, que ela nunca tinha visto. O rapaz, identificado como Tio Billy ou Yawith, nem ao menos falava a língua da jovem ou conseguia se comunicar. Os americanos não entendiam ambos e pouco se importaram com a convivência, forçando os mesmos a se casarem.
Juntos, tiveram relações forçadas e tiveram de enfrentar a violência e comida racionada até a chegada ao território americano.
Por lá, foram anunciados como companheiros de trabalho que ainda poderiam ter filhos e render futuros escravizados gratuitos. A proposta atraiu Washington Smith, fundador do Banco de Selma do Alabama, que decidiu comprar o “casal” para trabalhar em sua casa e plantações.
Com o comprador, Redoshi trabalhou ilegalmente por cinco anos, recebendo um novo nome com o mesmo sobrenome do dono. Foi renomeada como Sally Smith e mostrava progresso ao aprender a língua inglesa.
Com o companheiro forçado, ainda teve uma filha, nascida no meio da plantação. Em 1865, a emancipação chegou em todos os estados da federação, possibilitando sua liberdade. Estava com 17 anos.
Apesar de ‘liberta’, não tinha fundos monetários que possibilitariam seu retorno para a África Ocidental, passando a residir na plantação Bogue Chitto com sua filha.
Junto com outros escravizados, conseguiu o direito de moradia em um terreno de 6 mil acres, onde viveria pelo resto da vida.
Foi descoberta, décadas mais tarde, pela ativista dos direitos civis Amelia Boynton Robinson, que a entrevistou e documentou sua trajetória nos EUA. Acredita-se que Redoshi faleceu no ano de 1938.
Fonte: Aventuras na História