Refugiada venezuelana busca reconstruir a vida no Brasil junto aos filhos
A instabilidade de seu país de origem fez com que Vanis buscasse uma nova vida no Brasil
Por: Mariana Lima
A vida de Vanis e sua família começou a mudar com o agravamento da crise na Venezuela a partir de 2014. Antes, os fins de semana da família se resumiam a idas a praias de sua cidade natal, Carupano.
Com o cenário de incertezas que a crise trouxe, Vanis viu a empresa em que trabalhava havia 15 anos, na área de recursos humanos, reduzir o número de funcionários. A alegação era de que não havia dinheiro suficiente para pagar todos os salários.
Com essa declaração, Vanis se viu desempregada. Sem a perspectiva de melhora, ficou cada vez mais difícil sustentar a família. O dinheiro não era suficiente para suprir as necessidades básicas, como pagar o aluguel e a alimentação. A dificuldade resultou na retirada da filha mais velha da escola.
A hiperinflação que assola a Venezuela impede que diversas famílias consigam o mínimo para viver com dignidade. Por 6 meses, Vanis e seu filho Alejandro, 20 anos, buscaram manter uma vida em Las Minas, região do país em que há intensa atividade de garimpo.
No entanto, uma adversidade surgiu em seus caminhos impedindo que conseguissem construir uma vida ali. Vanis e o filho haviam contraído malária.
Após se recuperarem, ficaram alguns meses na cidade venezuelana de Santa Helena. Contudo, a cidade apresentava um cenário de violência, falta de alimentos e de serviços essenciais. Mãe e filho não viram outra opção além de deixar o país.
Foram 18 km percorridos a pé de Santa Helena até Pacaraima. Mãe e filho pegaram uma carona até Boa Vista (RR), onde ficaram por 5 meses. Enquanto estavam na cidade, dividiram uma casa com outros 20 venezuelanos.
Durante esse período, Vanis ficou sabendo sobre o programa de interiorização e da possibilidade de se mudar para outra cidade brasileira em que teria mais segurança e oportunidades.
A estratégia de interiorização tem como finalidade reduzir o impacto da chegada de venezuelanos em Roraima, oferendo a eles novas oportunidade de integração e ingresso no mercado de trabalho. A estratégia é desenvolvida pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em parceria com outras agências da ONU.
O plano de Vanis era ir para a cidade de São Paulo, para ajudar o filho a realizar o sonho de ser músico. Mas Vanis descobriu que estava grávida.
Assim, Vanis e seu filho acabaram se mudando para Brasília, onde a pequena Luanna nasceu. A recém-nascida já está com um mês de idade e possui nacionalidade brasileira.
Para seu futuro, Vanis espera conseguir trazer a filha mais velha, Oriana, 18 anos, que deixou na Venezuela. Em entrevista para a agência de notícias da ONU Brasil, Vanis contou: “Como grande parte dos venezuelanos, minha família também está longe de mim. Eu era muito próxima da minha filha, e foi muito difícil deixá-la”.
Fonte: Nações Unidas Brasil