Relatório alerta sobre o risco de genocídio de povos indígenas isolados
Na última terça-feira (3), o Brasil foi denunciado na ONU pelo desmonte das políticas ambientais e indigenistas e pelo risco elevado de genocídio de povos indígenas isolados
Por: Isabela Alves
Desmatamento, garimpo, extração ilegal de madeira e grilagem de terras estão ameaçando gravemente a vida de povos indígenas isolados, no Brasil.
A informação consta no relatório ‘Ameaças e violação de direitos humanos no Brasil: povos indígenas isolados’, elaborado pelo Instituto Socioambiental (ISA), a Comissão Arns e a Conectas Direitos Humanos, e direcionado para o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações (UNHRC).
Na última terça-feira (03/03), as organizações responsáveis pelo relatório denunciaram o Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU, durante audiência em Genebra, pelo “desmonte das políticas ambientais e indigenistas e pelo risco elevado de genocídio de povos indígenas isolados”.
Essas organizações da sociedade civil alertam para o risco de etnocídio (extermínio da cultura) e genocídio (extermínio do povo) dos povos isolados.
Até julho de 2019, os dados oficiais mostram que 50 áreas protegidas com registros de isolados (37 Terras Indígenas, sete Unidades de Conservação federais e cinco Unidades de Conservação estaduais) acumularam 474.394 hectares em desmatamentos. Só em 2019, foram 21.028 hectares desmatados, o que representa um aumento de 113% em comparação com o ano anterior. No total de todas as Terras Indígenas (TIs), o aumento foi de 80%.
Atualmente, o Brasil tem a maior presença confirmada de povos isolados do mundo. São 115 registros, sendo 28 já confirmados e 86 que continuam sob investigação.
No documento, ainda é ressaltado que o desmonte de políticas públicas e o discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro, vêm estimulando a invasão de garimpeiros, madeireiros e grileiros ilegais nos territórios destes povos. Os Yanomami, por exemplo, vêm enfrentando a maior invasão garimpeira no seu território desde 1992. Cerca de 20 mil homens estão no local em busca de ouro.
Os Awá-Guajá vêm sofrendo com a invasão madeireira, os Avá Canoeiro estão sendo ameaçados pelas queimadas e a construção de uma estrada no território que cortará a floresta onde eles vivem e a Terra Indígena Vale do Javari está recebendo visitas de missionários que querem evangelizar os povos.
Fontes: Carta Capital, Terra e Instituto Socioambiental
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