São Paulo: mortalidade por causas mal definidas aumenta 1.367% em um ano
De 2017 para 2018, número de mortes por causas mal definidas saltou de 1,4 mil para 21 mil na capital paulista; indicador aponta falhas nas estatísticas e no diagnóstico de doenças
por Artur Ferreira
O número de mortes por causas mal definidas na cidade de São Paulo cresceu drasticamente no último ano, indo de 1.437 em 2017 para 21.079 em 2018. Isso representa um aumento de 1.367%.
O dado é um indicador da qualidade das estatísticas de causas de morte: quanto menor essa proporção de óbitos por causas mal definidas, melhor é a qualidade das estatísticas.
Além de denunciar uma piora da informação produzida pelos órgãos responsáveis por registrar as causas dos óbitos, o aumento do número de mortes por causas mal definidas revela a falta de infraestrutura de assistência e de diagnóstico de doenças. Os distritos com maior proporção de mortes por causas mal definidas são Sé, Brás, Brasilândia e Marsilac.
Os dados são do Mapa da Desigualdade 2019, lançado na última terça-feira (05) no Sesc Bom Retiro, região central de São Paulo. A pesquisa, idealizada pela Rede Nossa São Paulo, busca entender quais são os principais pontos da desigualdade paulistana, a partir de dados públicos e da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Além dos dados sobre a realidade paulistana, a pesquisa chama atenção para o fato de que a região da América Latina e Caribe é a mais desigual do planeta. 30% dos latinos e caribenhos vivem na pobreza ou na extrema pobreza, e uma em cada quatro pessoas da região vivem em assentamentos informais.
Quando se trata da análise da cidade de São Paulo, o Mapa é dividido em 10 temas diferentes e 53 indicadores que identificam as desigualdades presentes na capital.
Em questão de tempo médio de vida em 2018, o distrito de Moema (Zona Sul) apresentava um valor de 80,57 anos, enquanto que em Cidade Tiradentes (Zona Leste) o tempo médio de vida era de 57,31 anos. Uma diferença média de 23 anos de vida.
Quando se trata da mortalidade infantil, o distrito de Marsilac, no extremo da Zona Sul da cidade, apresenta um número de 24,6 mortes a cada mil crianças nascidas. Enquanto em Perdizes, na Zona Oeste da cidade, a taxa é de 1,1 óbito de crianças menores de um ano para cada mil nascidas vivas, o menor índice da cidade.
Marsilac também apresenta o maior índice de gravidez na adolescência da cidade de São Paulo. De todos os nascimentos do distrito, em 18,9% as mães tinham 19 anos ou menos em 2018. O distrito de Moema apresentou o menor número, 0,4%.
De acordo com Jô Pereira, diretora geral da Ciclocidade e uma das participantes do evento de lançamento do estudo, fatores como altos índices de gravidez na adolescência são sintomas da falta de acesso à educação e à informação para os mais jovens.
Outro dado apontado pelo levantamento é que as ocorrências de feminicídio aumentaram 167% em toda a cidade de São Paulo em 2018.
Para mais informações e para acessar o Mapa da Desigualdade 2019, clique neste link.