Seminário em SP discute cultura de violência contra a mulher
Evento tem organização dos institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, e deve reunir especialistas, ativistas e representantes de organizações nacionais e internacionais
Nos dias 20 e 21 de maio, a cidade de São Paulo receberá o I Seminário Internacional Cultura da Violência Contra as Mulheres. O evento será no SESC Pinheiros, com espaço para mil pessoas, e terá transmissão ao vivo pela internet.
O seminário está sendo organizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pelo Instituto Patrícia Galvão, e tem como objetivo reunir especialistas, ativistas e representantes de organizações nacionais e internacionais para discutir em profundidade as origens da cultura de violência contra as mulheres e buscar formas de combater o problema.
“Queremos debater os mecanismos que constroem e perpetuam a cultura de violência contra a mulher, uma cultura que atravessa gerações, etnias e fronteiras geográficas, que está em todo tipo de espaço, em todo o mundo”, destaca Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.
De acordo com Jacira, muitas pessoas acreditam que os atos de violência contra as mulheres são casos isolados, quando na realidade eles são o reflexo de uma cultura transmitida desde cedo às crianças, que coloca a mulher em lugar de submissão.
Um exemplo citado por ela é o tipo de publicidade veiculado na televisão brasileira. “A publicidade brasileira é muito moderna em termos de linguagem, mas é retrógrada em termos de conteúdo, de lugar da mulher no mundo. Nela, a mulher é quase sempre uma figurante, o prazer em questão é o do homem. Isso perpetua a violência contra a mulher, porque a linguagem é atraente, mas o conteúdo é perverso”.
Um dos motivos que levaram os dois institutos a organizarem esse seminário foi a percepção de que um grande número de pessoas vê como “naturais” diversos tipos de abuso contra as mulheres, como revelou uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2014. De acordo com o estudo, 58% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”, e 63% concordaram que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”.
“Este seminário será importante porque, além de discutir os diferentes tipos de cultura de violência contra a mulher, no Brasil e em outros países, vai debater as diferentes origens do problema, para atingi-las diretamente. É como se estivéssemos em busca de uma ‘vacina’ para esse mal da sociedade”, diz Ivo Herzog, diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog.
Ele também destaca que “o Brasil é conhecido mundialmente por seu protagonismo na defesa dos direitos da mulher, mas nunca teve um evento da magnitude deste seminário”, e que já estão pensando na realização de uma segunda edição do evento, que provavelmente ocorrerá em 2017.
Não há mais inscrições para participar presencialmente do seminário, mas será possível acompanhá-lo ao vivo pelo site scovaw.org/pt-BR.