Terceiro Setor, de norte a sul: água no Nordeste
Sueli Melo
A seca, um problema histórico do Nordeste, cujos impactos afetaram gerações de brasileiros e causaram a migração de milhares para a parte sul do país, é um dos maiores desafios da região e tem sido objeto do trabalho incansável de muitas organizações. Alguns desses projetos são realizados pelo Cecor, que integra a ASA – Articulação no Semiárido Brasileiro, que reúne diversas organizações não governamentais, sindicatos, associações de pequenos produtores rurais, de mulheres e outros movimentos da sociedade civil organizada.
Em decorrência da baixa e irregular pluviometria da região semiárida, a grande preocupação é como garantir o estoque de água para épocas de estiagens. Dai surgiu a ideia das organizações da sociedade civil formarem a articulação no semiárido (ASA) com o objetivos de, unidas, construírem proposições para um projeto de implementação de tecnologias de captação e armazenamento de água para consumo humano, bem como para produção de alimentos, além de outras ações de convivência com semiárido.
As ações das organizações no campo da convivência com o Semiárido entre elas, a captação e estoque de água de chuva, existem desde o inicio dos anos 90, no entanto a efetivação desses projetos se deu a partir da constituição da ASA no final da década de 90 inicio de 2000, como explica Manoel Barbosa, coordenador do programa no Cecor. “A ação consiste na implementação de tecnologias de captação de água da chuva para o consumo humano (cisterna de Placa de 16 mil litros), e para produção de alimentos (cisternas de calçadão e enxurrada de 52 mil litros, barragens subterrâneas, barraginhas, tanque de pedra, barreiro trincheira), além de processos de Mobilização, Formação, Controle Social e Fortalecimento da organização dos agricultores.”
O projeto tem ação em toda a região semiárida brasileira, incluído 8 estados do Nordeste, mais parte de Minas Gerais. Essa região é subdividida em microrregiões (agrupamento de municípios) e, em cada uma delas, o projeto é gerido por uma organização da ASA, a qual recebe o apoio de comissões municipais formadas por organização. A gestão e coordenação geral são feitas pela ASABRASIL através da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC).
O projeto beneficia famílias agricultoras rurais de baixa renda, que são domiciliadas na região rural e não tenha reservatório de água, dando preferência à quantidade de crianças, mulheres chefe de famílias e idosos. “No caso da água para produção de alimentos, os beneficiários são famílias agricultoras que tenham cisternas de 16 mil litros e apresentem aptidão para atividades de produção de alimentos”, ressalta Manoel.
Esse é um projeto que não trabalha simplesmente a implementação de uma tecnologia, destaca o coordenador do programa. “Trabalha também a importação dessa tecnologia para vida das pessoas. Por isso, os processos de mobilização, de formação e controle social são essenciais para o êxito do projeto. As famílias, para além da tecnologia, se conscientizam da necessidade de aprender com o clima os caminhos de conviver com ele. Outra coisa que julgamos importante é que essas são ações que democratizam a água com pouco custo e vai de contra ponto as grandes obras concentradoras de alto custo.”
O projeto já envolveu e beneficiou mais de 600 mil famílias com tecnologia de captação de água para consumo humano, incluindo processos de formação, Capacitação em Gestão de Recursos Hídricos, mobilização social e controle social. Na ação relacionada à captação de água para produção de alimentos foram beneficiadas aproximadamente 100 mil famílias.
Para conhecer mais, acesse http://www.asabrasil.org.br/portal/Default.asp