Uma em cada quatro crianças migrantes venezuelanas está sem os pais
O estudo realizado pela organização sem fins lucrativos Visão Mundial observou como as crianças migrantes venezuelanas têm vivido na Colômbia, Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia e Chile durante a pandemia
Por: Mariana Lima
De acordo com uma pesquisa da organização internacional de ajuda humanitária Visão Mundial, crianças migrantes venezuelanas estão sob maior risco de pobreza e exploração durante a pandemia de Covid-19.
Para compor o estudo ‘Migração e Covid-19: Infância venezuelana entre a espada e a parede’, foram ouvidas 392 meninos e meninas de seis países (Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Bolívia e Chile) de acolhida e na Venezuela ao longo do mês de abril. Entre os resultados apresentados pelo documento estão que uma em cada quatro crianças foi separada dos pais em meio ao surto de coronavírus, enquanto uma em cada três vai dormir com fome.
O estudo ainda indica que 60% das crianças relataram aumento da xenofobia e discriminação contra elas em meio à crise da Covid-19. Além disso, 63% informaram que não podem continuar seus estudos devido à pandemia.
Em relação ao acesso a serviços e itens básicos de sobrevivência, 34% responderam que têm acesso a serviços de saúde, enquanto 20% não têm como utilizar água e sabão para se higienizarem durante a quarentena.
Já sobre as condições das famílias destas crianças, 63% tiveram que buscar acomodações mais baratas, abrigos ou ir para a rua, enquanto outros 28% correm o risco de serem despejados devido à dificuldade para pagar o aluguel.
O estudo ainda ressalta que atualmente 7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Venezuela e fora do país, entre as quais 3,6 milhões são crianças. São 400 mil pessoas em relação ao final de 2019.
No cenário brasileiro, o estudo indica que as crianças migrantes venezuelanas vivem em condições de alta vulnerabilidade social agravadas pela pandemia.
Entre as crianças abordadas, 77% informaram que não frequentam as aulas, seja pelo cancelamento devido à quarentena, seja por não estarem matriculadas.
Além disso, um terço das crianças migrantes que estão vivendo no Brasil não têm ou não tinham nenhum dos pais vivendo com elas, o que aumenta o risco de abuso, enquanto dois terços informaram que alguém com quem vivem ainda precisa sair para trabalhar.
A lógica familiar segue o mesmo padrão, com 17% das famílias despejadas e 57% que tiveram de buscar lugares mais baratos para viverem. Ao todo, 9% das famílias tiveram que ir para albergues e 4% correm risco de ficarem desempregadas ou não ter mais condições de pagar o aluguel.
Para consultar o estudo (em inglês), clique aqui.