Uma em cada quatro mulheres não tem acesso a saneamento básico
O problema impacta o acesso à saúde, educação e renda, e na qualidade de vida das brasileiras
Por: Isabela Alves
Uma em cada quatro mulheres no Brasil não tem acesso adequado a infraestrutura sanitária e saneamento. O dado é do estudo ‘O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira‘, divulgado pelo Trata Brasil.
27 milhões de brasileiras não têm acesso ao serviço, o que contribui para as desigualdades de gênero no país, pois impacta diretamente no acesso à saúde, à educação e à renda, além do bem-estar e qualidade de vida dessas mulheres.
Na idade escolar, por exemplo, as meninas sem acesso a banheiro têm desempenho estudantil pior, com uma média de 46 pontos a menos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) quando comparadas à média dos estudantes brasileiros.
Além disso, o estudo aponta que a falta de saneamento é uma das principais causas de incidência de doenças diarreicas, que levam as mulheres a se afastarem, em média, por 3,5 dias ao ano de atividades rotineiras, como escola ou trabalho.
A incidência de afastamentos por motivo de diarreia ou vômito é maior entre as mulheres, com 80,1 casos para cada mil habitantes, segundo dados de 2013. A proporção entre os homens é de 73,4 para cada mil habitantes. Em relação à renda, o acesso ao saneamento traria um acréscimo médio de R$ 321,03 ao ano para essas brasileiras, o que representaria um ganho total à economia do país de mais de R$ 12 bilhões ao ano.
No Norte e no Nordeste, o atendimento regular de água chega a 53,2% das mulheres. Além disso, 70% das mulheres que não têm banheiro em casa estão na região Nordeste. Na região Sudeste, apesar dos baixos índices, os números absolutos chamam atenção: em São Paulo, são mais de 2 milhões de mulheres sem água na torneira de forma frequente; no Rio, 2,1 milhões; e em Minas Gerais, 1,5 milhão.
Em relação à coleta adequada de esgoto, o problema atinge 67,3% da população que mora no Norte. São consideradas coletas adequadas nas áreas urbanas as casas que estão ligadas à rede pública ou, no caso de áreas rurais, as que contam com fossas sépticas.