Veneno no ar: agrotóxicos põem saúde de comunidades em risco
Levantamento da Human Rights Watch mostrou a realidade das comunidades rurais do país
Por: Isabela Alves
Nas áreas rurais do Brasil, moradores estão expostos a perigosos agrotóxicos quando estes são pulverizados em plantações e se dispersam para áreas vizinhas ou quando os agrotóxicos evaporam e seguem para áreas adjacentes nos dias após a pulverização. É o que aponta o relatório ‘Você não quer mais respirar veneno – As falhas do Brasil na proteção de comunidades rurais expostas à dispersão de agrotóxicos‘, divulgado pela organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch.
A organização entrevistou 73 pessoas que foram diretamente afetadas pelo uso de agrotóxicos. O levantamento mostra a situação de moradores da Bahia, Pará, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás que foram expostos a elementos químicos nas proximidades de suas casas, escolas e locais de trabalho.
Em todos os sete locais, as pessoas descreveram sintomas como sudorese, frequência cardíaca elevada e vômito, além de náusea, dor de cabeça e tontura.
O relatório reforçou a posição da Human Rights Watch, que, junto com outras entidades, é contra o projeto de lei que quer mudar a legislação dos agrotóxicos no Brasil. Segundo a entidade, o país tem falhado em proteger comunidades rurais expostas à dispersão de agrotóxicos.
Enquanto um regulamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento proíbe a pulverização aérea a menos de 500 metros de locais habitados, na prática, esta zona de segurança é frequentemente ignorada. Além disso, a entidade lamenta que não existam dados confiáveis do governo sobre quantas pessoas no Brasil sofrem intoxicação por agrotóxicos.
O relatório também fala dos riscos à saúde causados pela exposição prolongada a agrotóxicos, como infertilidade, comprometimento do desenvolvimento fetal e câncer.