O que movimentou a economia no Brasil e no mundo em dezembro de 2021
A Economia em dezembro de 2021: uma nova esperança de volta para a normalidade
Por Jordanno Santos
Em dezembro de 2021, apesar do aumento significativo de contaminação pela nova variante Ômicron, os investidores ao redor do mundo renovaram a esperança em um futuro menos caótico, refletindo dados positivos de consumo, e, principalmente, da atuação dos bancos centrais para controlar a inflação galopante.
Nas economias desenvolvidas, o Federal Reserve, banco central americano, em sua última reunião, endureceu o comunicado em relação à inflação, e mais, acelerou o processo de redução de estímulos monetários para a economia e já projeta aproximadamente três altas de juros em 2022. Por sua vez, o Banco da Inglaterra, banco central de todo o Reino Unido, foi além, e elevou a taxa básica de juros na última reunião do ano, passando de 0,10% para 0,25%.
No Brasil, o nosso Banco Central também seguiu a cartilha de controle de inflação, claro que em uma magnitude muito mais forte, elevando a taxa básica de juros, a taxa SELIC, para 9,25% ao ano, e indicando que continuará elevando o juro. O mercado espera que a SELIC atinja 11,50% já na primeira metade de 2022.
Estes movimentos de alta de juros ao redor do mundo contribuem para o controle das expectativas de inflação, reduzindo o risco de um efeito bola de neve nos preços em 2022, com os investidores comemorando a atuação dos bancos centrais. Por outro lado, juros maiores claramente dificultam a retomada do crescimento econômico, e as expectativas de crescimento já estão cada vez menores.
Fazendo mea-culpa a todos os economistas que defendem esta posição, o problema inflacionário no Brasil e no mundo está tão preocupante (o nível está três vezes o normal pelo menos), que renunciar ao crescimento em razão do controle inflacionário é a decisão mais sensata a se fazer neste momento.
Além deste pano de fundo monetário, uma nova esperança surge com dados recentes do consumo varejista das famílias em diversas partes do mundo acima das expectativas, mostrando que a situação pode ser um pouco melhor em 2022, e mais, apesar da variante Ômicron, as vacinas vêm se provando cada vez mais eficazes nos casos de hospitalização e óbito.
Neste contexto, no último mês de 2021, os títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA ou NTN-B) rentabilizaram 0,22%, os títulos públicos prefixados (Tesouro Prefixado ou LTN e NTN-F) rentabilizaram 1,89%, enquanto, os títulos públicos pós-fixados (Tesouro SELIC ou LFT) rentabilizaram 0,78%. O ativo livre de risco representado pelo CDI rentabilizou 0,76%.
No acumulado do ano, o Tesouro IPCA rentabilizou -1,26%, o Tesouro Prefixado rentabilizou -1,99%, o Tesouro SELIC rentabilizou 4,67% e o CDI rentabilizou 4,40%.
No mercado de ações, no mês, o IBOVESPA, principal índice acionário brasileiro, rentabilizou 2,85%, e no exterior, o S&P 500, NASDAQ e MSCI World, principais índices globais de ações, rentabilizaram 4,36%, 0,69% e 4,19% respectivamente.
No acumulado do ano, o IBOVESPA rentabilizou -11,93%, o S&P 500 rentabilizou 26,89%, a NASDAQ rentabilizou 21,39% e o MSCI World rentabilizou 20,14%.
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Sobre o autor:
Jordanno Brunno Nicoletta dos Santos é graduado em Ciências Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP). É sócio diretor na i9Advisory Consultoria, uma consultoria de investimentos independente.