Famílias com membros autistas gastam 3 vezes mais que as outras
O impacto financeiro sofrido por famílias com membros autistas é maior em comparação às famílias típicas, é o que diz uma pesquisa do Instituto PENSI e FIPE-USP; a criança ou adolescente com autismo que não tem oportunidades de acesso à intervenção tem seu desenvolvimento prejudicado em várias esferas
Da Redação
Você sabe quanto custa criar um filho diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista? Pode parecer uma pergunta incomum, mas entender os gastos de uma família com membros atípicos é necessário para garantir a qualidade de vida dessa população.
Cada criança com TEA possui um nível de suporte, desafios únicos e personalidade própria, portanto, as despesas variam de caso para caso. Mas uma coisa é certeza: famílias com filhos autistas gastam três vezes mais do que famílias típicas. O número é resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto PENSI junto a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (FIPE).
Na me?dia calculada, uma família com filho com TEA nível 3 pode gastar 1.859 reais mensais per capita a mais do que uma família típica. Isso significa que, em um cenário onde a família possui cinco pessoas, os gastos mensais chegam a 9.295 reais a mais do que os de uma família tiípica. O estudo levou em consideração gastos com alimentação, transporte, educação e saúde. Além disso, a pesquisa adicionou na conta a “renda perdida da família”, um custo implícito quando uma pessoa deixa de trabalhar para cuidar do filho.
Quando falamos de tratamento, o cenário ideal é que os autistas tenham acesso a uma equipe multidisciplinar, composta por médico psiquiatra ou neurologista, psicóloga, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. Mas e quando a família não possui condições financeiras de proporcionar todo esse cuidado?
De modo geral, o pouco ou nenhum acesso à intervenção ocasionam grandes perdas para a funcionalidade do indivíduo com TEA, além de um encolhimento em sua autonomia e independência. As intervenções multidisciplinares podem proporcionar maior adaptabilidade à rotina e menor nível de suporte nas atribuições diárias.
“No quesito social, por exemplo, eles perdem a oportunidade de treinar e aprimorar seu comportamento social e verbal. Já em relação às habilidades de vida diárias, apresentam dificuldades com atividades em sequência e não têm acesso a estratégias de comunicação alternativas. O acesso à intervenção multidisciplinar proporciona outras formas de autoestimulação: através de brinquedos sensoriais ou análise das preferências do indivíduo atípico, para redirecionar a outros objetos o impulso de estimulação excessiva”, explica a neuropsicóloga, assessora científica do Instituto PENSI e Autismo e Realidade, Yasmine Martins.
Colocar os gastos em evidência para que políticas públicas sejam desenvolvidas é o propósito da pesquisa, que está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 3 e 10 da Agenda 2030 da ONU, metas que promovem saúde e bem-estar e redução das desigualdades.