Um dos uísques mais vendidos do mundo foi criado por um escravo
O Jack Daniel’s é um uísque fabricado pela Jack Daniel Distillery, fundada em 1876 pelo destilador norte-americano Jack Daniel (Jasper Newton Daniel), na cidade de Lynchburg, Tennessee, nos Estados Unidos. Desde 1956, pertence ao grupo Brown-Forman Corporation. E, até recentemente, a versão oficial era de que o criador da receita do uísque da marca era um pastor e merceeiro da cidade chamado Dan Call.
A verdade, no entanto, é que a receita foi criada por um escravo de Call chamado Nearis Green. Mas essa história só passou a ser contada pela marca em 2016, 150 anos depois da sua criação.
Famoso e conhecido pelas garrafas quadrangulares de rótulo negro, o Jack Daniel’s é um dos uísques mais vendidos no mundo. Somente em 2014, a marca teve um lucro líquido de 208 milhões de dólares.
Durante anos, a história predominante do uísque americano foi enquadrada como um caso lírio-branco, centrado em colonos alemães e escoceses-irlandeses que destilaram seus excedentes de grãos em uísque e os enviaram para mercados distantes, criando uma indústria de 2,9 bilhões de dólares.
Os homens escravizados não só compunham a maior parte da força de trabalho, mas muitas vezes desempenhavam papéis cruciais e qualificados no processo de fabricação do uísque. Da mesma forma que os autores de livros de receitas brancos frequentemente se apropriavam de receitas de seus cozinheiros negros, os proprietários de destilarias brancas levavam crédito pelo uísque.
De acordo com uma biografia de 1967, ‘Jack Daniel’s Legacy’, de Ben A. Green (sem parentesco com Nearis), Call disse ao seu escravo para ensinar a Daniel tudo o que ele sabia. “Uncle Nearest é o melhor fabricante de uísque que eu conheço”, teria dito Call.
“Não acho que tenha sido uma decisão consciente [deixar os Greens fora da história da empresa]”, disse ao New York Times Phil Epps, diretor mundial da marca Jack Daniel’s na Brown-Forman, que pertence à destilaria há 60 anos.
À medida que o 150º aniversário da marca se aproximava, a empresa começou a pesquisar suas várias histórias de origem. Decidiu que o caso da contribuição de Nearis Green era persuasivo e deveria ser dito. “Quando nos aprofundamos, percebemos que era algo de que poderíamos nos orgulhar”, finaliza Epps.
Carlos Machado
30/04/2018 @ 09:39
Parabéns pela matéria Observatório 3º Setor!
Tenho aqui algumas observações, primeiro o uso da palavra escravo. Estamos num período da história que não convêm chamar trabalhadores forçados de origem africana de “escravos”. Temos outras formas pensando na promoção dos direitos humanos como seres humanos que foram escravizados e prisioneiro de guerra.
Segunda observação, Phil Epps deveria localizar a família desse inventor e oferecer reparações sobre um invento fundamental para a marca Jack Daniels que lhe rende centenas de milhões de dólares anualmente. É importante saber da história mas deixar como está só reforça o legado da escravidão com sua opressão e privilégio conferido aos brancos no continente americano desde essa época.
Bruno
05/02/2020 @ 23:33
Excelentes observações.
SILVANIA HENRIQUE
13/02/2021 @ 17:42
PERFEITO O COMENTARIO DO BRUNO
Ivã santos dias
14/02/2020 @ 14:26
Essa história ficar más que honrosa para nós negros em todo mundo sou negro sem preconceitos.
Maria Fátima da Silva
14/02/2021 @ 16:37
Só é muito triste que quem realmente inventou, por acaso foi lembrado apenas 150 anos depois, por acaso…lamentável.
Maria Luiza Messias
18/02/2021 @ 09:14
Cabe Reparação e Indenização para a nova geração ,mais ótimo comentario
Moacir
18/02/2021 @ 22:43
Bruno, os escritores, historiadores, escrevem o que lhes sejam conveniente, não generalizando, mas tenho, minhas dúvidas quanto a tudo o que já aconteceu noundo e como foram escritas.
RGA
15/02/2021 @ 15:34
Parabéns Sr Carlos Machado, pela observação e ademais propor a reparação do criador da receita ,
Sr. Homem de horigens Africana.
Eliete
07/05/2018 @ 13:41
Muito boa observação Carlos.
gisele magalhaes
16/10/2019 @ 18:27
Concordo com isso e espero que há tenha sido feito.
Adailton santos
12/05/2018 @ 10:48
Faço minhas suas palavras nobre Carlos.
Assino, carimbo e dou fé!
Marcio Carneiro
13/05/2018 @ 10:22
Fez suas as minhas palavras Carlos
ROGILDO Gomes
15/10/2019 @ 01:21
Os negros tem muitas contribuições pra o mundo chegar onde chegou,mas pouco reconhecimento,ou quase nenhum.
Rose santana
08/12/2019 @ 10:38
Acho complicado falar em reparação se o negro justamente foi escravizado pela ganancia branca, reparação implica em tocar no dinheiro do branco, mas normalmente o dinheiro é o Deus deles intocavel. So se esquecem de uma coisa Deus é terrivelmente justo. Numca, numcaaa havera paz em cima do sofrimento alheio, eu creio.
Jorge
07/04/2020 @ 17:51
A Brow Forman comprou a destilaria Jack Daniel? Qual foi o motivo?
Carlos Ernesto
05/02/2020 @ 20:02
Não há como esconder o passado…
Luciana
07/02/2020 @ 07:17
Concordo com as palavras de Carlos.
Dina Gutierrez
07/02/2020 @ 16:27
Sua explanação foi objetiva, e correta. Pois cadê a reparação para esses familiares.
Noêmia Lucia França
07/02/2020 @ 16:41
Também assino embaixo de tudo o que foi dito e escrito pelo Carlos
Leandro
07/02/2020 @ 16:47
Prezados:
A família do Nearest Green abriu a própria destilaria no Tenesse e resgata a história do inventor do bourbon. A bebida já é premiada e bem vendida lá fora apesar da pouca divulgação.
https://unclenearest.com/
Gean Charles
08/02/2020 @ 08:42
É incrível como tem tanta gente que se deu bem as custas do trabalho de outras pessoas. Independentemente da raça, sexo e religião. Porém, devo salientar que a era da escravidão e das guerras mundiais foram os piores capítulos que existiu na humanidade até hoje, (Humanidade, que de humano não tem é nada). E o pior, isso ainda acontece hoje em dia, ricos, geralmente brancos, que preferem e pretendem ainda ter trabalhadores escravos ou escravizados, pagando mal, retirando direitos, xingando e etc.
Paulo Silva
08/02/2020 @ 08:43
Se a história é verdadeira, por que não procurar os descendentes do Green e dar sua parte por direito.
Empresa milhonaria, se o Green criou nada mais justo que sua família usufruir de seus frutos também !
Reinaldo Martins
08/02/2020 @ 13:10
Discordo de não usar a palavra escravo. Parece a patrulha do politicamente correto….
A escravidão foi abolida em 1863, 13 anos antes da marca. Por tanto, já era um homem livre.
Há alguns pontos discrepantes nessa história.
Maria Lidia Lopes dos Santos
08/02/2020 @ 14:32
Nao Acho que se deva mudar vocábulo, escravizar é muito mais do que trabalho forçado. Acho é a mesma questão da lepra e hanseníase mas mudar vocábulo não ameniza os efeitos e consequências.
Que me desculpe os estudiosos. Apenas opinião.
Alexandre Fereira
12/02/2020 @ 15:37
Negro… Branco…o negócio sempre foi ser mais esperto. Coitado dos McDonald’s.
Guilherme Kayode
09/02/2020 @ 09:36
Belas palavras e excelente observação ^”Carlos Machado. “
Ssergio Orlando Guimaraes
10/02/2020 @ 11:41
Bela colocação meu caro Carlos Machado!
Aderino França
16/06/2020 @ 15:49
A retratação se daria se a empresa desse aos descendentes do homem que inventou o principal produto da famosa e bilionária marca, uma porcentagem nos lucros, nas ações e acento na diretoria.
Paula
13/10/2020 @ 11:17
Lendo esse fato analisando me fez refletir.
E o que mais a história esconde?
sendo que ela é branquificada. a história do negro é morta por isso!
com isso todas essas covardia
imaginei que a família de Green tinha que ser reconhecida tinha que ser ressarcida para quê na história não fique visto como mais uma covardia,a qual o branco se beneficiou,de um ser que ele escravizou.
Ser Preto e conviver com o racismo,com pessoas escravagistas e que fariam de tudo pra que voltasse o tempo da chibata, é cruel e desumano, a humanidade não deu certo!
Somos a maioria minorisados.
mas não fazemos parte dos mals
Somos fogo em seus chicotes.
Que a família de Green parte da descendência dele seja ressarcida em valor que se pagaria
Ao um homem branco
Por ter sua Patente ursupada
PAZ ENTRE NÓS,E GUERRA AOS NOSSOS SENHORES
Émerson
10/02/2020 @ 19:13
Bom vamos começar sobre escravidão
A escravidão não acabou pelo contrário ela cresce em uma mentalidade racista que vem crescendo nos últimos anos, Porto Alegre e a onde esta a maior celula neonazistas do pais os Estados do Sul segue seu crescimento, nos USA o país foi fundado pela mão de obra negra escrava e mesmo assim são pessoas a margem da sociedade podemos ver isto Claro na própria Industria cinematográfica onde na entrega do Oscar diversos atores se referem a isto mas acredito que o mal está em uma forma separatista criada pelo homem branco que se chama raça e cor …o indivíduo e da raça negra,branca, amarela eu acho que deveria ser aquilo que todos somos .
Ser humano do sexo másculino ou feminino sua cor é inrelirrelevante pois o seu potencial depende de Amor,Educação e oportunidade
Carlos Santos
11/02/2020 @ 12:03
Bom então se não foi Jasper Newton Daniel que destilou o primeiro Jack Daniels a 150 anos atrás, e sim Nearis Green, com certeza a familia Daniel deve uma indenização bilionária para a familia Green nos dias atuais, porém conhecedor da ética empresarial americana e estratégia de marketing associadas, com certeza já devem ter feito um acordo para essa história vir a tona mais de 1,5 depois de acontecido.
leandro reale
12/02/2020 @ 13:40
Acho louvável os comentários,mas acho que provavelmente acontecerá o que eu vi num documentário no canal history channel: tem uma música que é bem conhecida (ela é até usada no rei Leão disney): foi criada por um negro pobrerrimo e analfabeto (acho que nao era escravo a abolicao ja tinha realizada muitos anos…)que,aproveitando disto,comprou a música e recebeu “trocados” e seus descendentes a miséria e o anonimato (e hoje está música vale bilhões ). Um pesquisador achou a Real estoria sobre esta musica ,quem a criou,sua situacao miseravel etc.. e lutou pra que seus descendentes podessem receber o que eram de direito. Resumo: demoro devido a empecilhos burocráticos ,mas venceu e passou os direitos e ressarcimento a eles,POREM,até hoje a Family diz que nem vê o chero do dinheiro(continuam miseráveis na pior parte da África pós apartheid) pq criaram um órgão pra administrar estes valores e estes alegam que entregaram o dinheiro a eles…. e continuam pobres e miseraveis com a ciencia de um antepassado famoso….agora quem nao acha que tb nao facam a mesma coisa com este?
JOSÉ DO PATROCÍNIO MARTINS
13/06/2020 @ 20:04
ACHO SIM UMA IDEIA BEM LEGAL, TENTAR ACHAR PARENTES DESTE INVENTOR DA BEBIDA, FAZER UMA REPARAÇÃO DE MUITOS ERROS COMETIDOS. AFINAL DE CONTAS, ESTÃO MUITO RICOS E PRECISAM PARTILHAR ESTA RIQUEZA COM QUEM COM CERTEZA NADA TEM.
Ignorados pela história: conheça inventores negros que ajudaram o mundo
28/07/2020 @ 16:05
[…] Além desses, muitos outros itens do nosso cotidiano tiveram a participação de inventores negros, incluindo um dos uísques mais vendidos do mundo. […]
IGNORADOS PELA HISTÓRIA: CONHEÇA INVENTORES NEGROS QUE AJUDARAM O MUNDO – Jornal da CIC
29/07/2020 @ 10:09
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29/07/2020 @ 15:20
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