3,5 milhões de alunos reprovaram ou deixaram a escola em 2018
Levantamento sobre alunos brasileiros foi realizado pelo UNICEF, em parceria com o Instituto Claro, e usou como base dados do Censo Escolar 2018
Por: Mariana Lima
O ano de 2018 trouxe resultados alarmantes para a educação brasileira. Segundo um levantamento realizado pelo UNICEF, em parceria com o Instituto Claro, 3,5 milhões de alunos de escolas públicas municipais e estaduais no país foram reprovados ou abandonaram os estudos no período.
O estudo ‘Reprovação, Distorção Idade-série e abandono escolar’ tem como base dados do Censo Escolar 2018. Entre os 3,5 milhões de alunos, os reprovados correspondem a 2,6 milhões, enquanto os que abandonaram o ambiente escolar representam 912 mil.
O Ensino Médio é o estágio em que mais estudantes abandonam a escola. Em 2018, 460 mil estudantes abandonaram o Ensino Médio, o que representa 7% de todos os alunos matriculados nesse nível de ensino.
Em 2018, 453 mil alunos pretos e pardos abandonaram as escolas estaduais e municipais em todo o país. Os casos de abandono entre alunos brancos somaram 181 mil.
Essa diferença se apresenta também nas reprovações. Alunos negros possuem uma taxa de reprovação duas vezes maior que a de alunos brancos. No último ano, 1,2 milhão de estudantes negros foram reprovados.
A distorção idade-série afeta de forma mais evidente grupos específicos. O estudo aponta que 1 em cada 5 estudantes brasileiros de escolas públicas possui dois ou mais anos de atraso escolar, conhecido como distorção idade-série. No último ano, 6,4 milhões de crianças e adolescentes estavam nesta situação.
A distorção idade-série aumenta de 13% para 31% entre os anos iniciais do Ensino Fundamental para o Ensino Médio. As regiões Norte e Nordeste somaram 54,8% das crianças e adolescentes com dois ou mais anos de atraso no último ano. A menor taxa fica com a região Sudeste, com 16%.
O grupo mais afetado é a população indígena, que tem 41% das crianças e dos adolescentes matriculados nesta situação. Ano passado, 15 mil estudantes indígenas abondaram a escola.
O atraso escolar afeta 383 mil crianças e adolescentes com deficiência, sendo que 29 mil deixaram o ambiente escolar em 2018.
O estudo aponta que 48,67% das crianças e adolescentes com deficiência sofrem com a distorção idade-série. A taxa de reprovação deste grupo é de 13,8%, enquanto o grupo sem deficiência tem uma taxa de 8,7%.
Estudantes com algum tipo de deficiência possuem uma probabilidade 59% maior de reprovarem do que os alunos sem deficiência.
Os dados do estudo revelaram que os meninos têm um uma probabilidade 64% maior de repetir de ano do que as meninas. A taxa de reprovação deles é 71% maior que a das meninas. No último ano, 1 em cada 10 meninos repetiu de ano.
Os meninos também são os mais afetados pelo atraso escolar. Eles possuem uma probabilidade 43% maior de estar em distorção idade-série do que as meninas.