86% dos brasileiros não acreditam em progresso com desigualdade
Relatório feito pela Oxfam Brasil analisa a percepção dos brasileiros sobre os tipos de desigualdade
por Artur Ferreira
Publicado na última segunda-feira (08), o relatório ‘Nós e as desigualdades 2019’, realizado pela Oxfam Brasil e pelo Datafolha, analisa como o brasileiro percebe diferentes desigualdades em seu dia a dia.
De acordo com a pesquisa, quase 9 em cada 10 brasileiros (86%) acreditam que o progresso está ligado à redução da desigualdade econômica entre ricos e pobres.
Além disso, 77% dos entrevistados afirmam defender o aumento de impostos para pessoas muito ricas para financiar políticas públicas. E 84% dos brasileiros concordam que é obrigação do poder público diminuir a desigualdade econômica entre classes sociais, o que demonstra que o brasileiro apresenta pouca adesão à ideia de Estado mínimo.
Em geral, o brasileiro possui a expectativa de melhora na qualidade de vida ou ascensão social em um período de 5 anos. 85% dos brasileiros acreditam pertencer à metade mais pobre do país, e 49% dos entrevistados acham que para estar entre os 10% mais ricos do Brasil deve-se ter uma renda de 20 mil reais mensais, sendo que o número real é de 4,3 salários mínimos, cerca de R$ 4.290.
A pesquisa também questionou os entrevistados sobre fatores como gênero e cor da pele. 86% das pessoas acreditam que a mulher não deve estar presa às tarefas domésticas ou familiares, e 81% da população acredita que a cor da pele influencia na decisão de uma abordagem policial. Além disso, os brasileiros acreditam que a cor da pele influencia no processo de contratação (72%) e que a Justiça é mais dura com pessoas negras (71%).
Quando questionados sobre prioridades para uma vida melhor, 2 em cada 3 brasileiros responderam que os três principais pontos são: “fé religiosa”, “estudar” e “acesso a saúde”. De acordo com Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, esse resultado já era previsível, devido à forte influência da religião na História brasileira, e por se tratar de um país de maioria católica.
“Acho que a questão da fé vem crescendo, não se pode generalizar, mas há um fervor em relação à fé que possui muito mais visibilidade hoje. Sem dúvida alguma, ‘Deus Acima de Todos’ não é algo pequeno”, explicou Katia, citando o slogan de campanha usado pelo presidente Jair Bolsonaro nas últimas eleições.
Katia deixa claro, ainda, que o fato de saúde e educação estarem em destaque mostra que “as pessoas têm uma noção de que não é somente a fé e nada mais que melhora a qualidade de vida de alguém”.