Em dez anos, diagnóstico de HIV entre gestantes aumenta 38%
O diagnóstico vem crescendo com a realização de testes no pré-natal e com o tratamento precoce. Com os cuidados desde cedo, os bebês não são infectados
Por: Mariana Lima
Entre 2008 e 2018, o país registrou um aumento de 38,1% na taxa de diagnóstico do HIV em gestantes: de 2,1 casos por mil nascidos vivos no período, de acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de 2019.
Exceto a região Sudeste, todas as outras apresentaram aumento da detecção do HIV durante a gravidez. Já as regiões Norte e Nordeste tiveram as maiores altas, de 87,5% e 118,1%, respectivamente.
A tendência de aumento é justificada, em parte, por causa da ampliação do diagnóstico no pré-natal. Com o uso da terapia antirretroviral (TARV) durante a gestação, o risco de transmissão da mãe para o filho é menor que 2%.
Vale ressaltar que mulheres negras respondem por 62% dos casos diagnosticados na gestação. No total, 86,5% das soropositivas se expuseram ao vírus em relações heterossexuais desprotegidas.
Os índices da infecção e detecção em crianças menores de cinco anos caiu quase pela metade, de 3,6 casos para 1,9 caso por mil nascidos vivos.
Em 2019, a cidade de São Paulo foi certificada pelo Ministério da Saúde como município que eliminou a transmissão vertical do HIV.
As cidades de Curitiba e Umuarama (PR) foram as primeiras a serem certificadas em 2017 e 2019, respectivamente.
De acordo com dados do último boletim do Ministério da Saúde, dos 900 mil brasileiros com HIV, 766 mil foram diagnosticados, 594 mil fazem tratamento com antirretroviral e 554 mil não transmitem o HIV porque estão com a carga viral indetectável.
Os dados ainda revelam que o número de pessoas com o vírus continua subindo no país: em 2017, eram 866 mil. Somente em 2018, foram notificados 43,9 mil novos casos.
Neste cenário, os homens correspondem por 69% do total de casos. Entre eles, 42,6% são brancos e 48,1% negros.
Já entre as mulheres, a proporção de negras é maior: 53,6% são pardas e 37,2% são brancas. Em 8,4% dos casos, a informação sobre raça/cor é ignorada.
Observando o cenário apenas em São Paulo, o número de novos casos de HIV registrou queda pelo terceiro ano seguido. O cenário é um feito inédito desde o primeiro registro do vírus na cidade, em 1981.
No ano passado, foram registrados 2.946 novos casos de HIV, 11,7% a menos do que no ano anterior, quando houve 3.340 notificações. Em comparação com 2017, a diminuição chega quase aos 25% (3.889 casos).
Fonte: Folha de S.P.