Fogo continua e Ibama decreta fim dos trabalhos contra queimadas no Brasil

Mesmo com alguns biomas passando pelo maior desmatamento da história, o Ibama determinou, em ofício, que as brigadas de incêndios florestais interrompam seus trabalhos. A justificativa é que faltam recursos financeiros

Mesmo com alguns biomas passando pelo maior desmatamento da história, o Ibama determinou, em ofício da última quarta-feira (21/10), que as brigadas de incêndios florestais interrompam seus trabalhos, a partir da meia meia-noite desta quinta (22/10), em todo o país. Em um segundo documento, desta quinta, o órgão fala em “indisponibilidade financeira” para fechar o mês de outubro.

A suspensão do trabalho dos agentes é determinada em um momento em que tanto o Pantanal quanto a Amazônia têm recordes de queimadas. O bioma pantaneiro enfrenta uma seca histórica, que contribui para a alta nos incêndios.

O ofício da última quarta-feira (21/10), que determina a suspensão dos trabalhos, é assinado pelo chefe do Centro Especializado Prevfogo/Dipro, Ricardo Vianna Barreto.

“Determino o recolhimento de todas as Brigadas de Incêndio Florestal do IBAMA para as suas respectivas Bases de origem, a partir das 00:00H (zero hora) do dia 22 de outubro de 2020, onde deverão permanecer aguardando ordens para atuação operacional em campo”, diz o documento.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, declarou nesta quinta-feira (22/10), após a divulgação dos documentos, que vai “esclarecer a situação” com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O instituto é subordinado ao ministério de Salles.

Os povos indígenas Guató foram um dos mais afetados pelas queimadas do Pantanal, no Mato Grosso. A região enfrenta sua pior seca dos últimos 60 anos e a estiagem severa pode continuar por até cinco anos.

Atualmente, o povo Guató está vivendo em uma situação de extrema vulnerabilidade. As famílias não têm água e nem alimento, e em algumas situações estão tomando urina de animais e comendo as suas fezes para se alimentar.

Antes dos incêndios, as famílias locais viviam da pesca, cultivo da cana, milho, abacaxi, mandioca, entre outros alimentos. Com o fogo, eles não têm mais renda e nem uma maneira de se alimentar.

Com as queimadas também, os animais ficam sem alimentos e, por isso, precisam procurar em lugares perigosos onde podem ser mortos por humanos ou seus predadores. Eles também podem acabar morrendo de fome.

O sofrimento dos animais do Pantanal com as queimadas que já devastaram 15% de todo o território é assunto nos principais jornais do país e do mundo todo. Até pontos turísticos foram destruídos pelo fogo, que consome cada vez mais o bioma.

Incêndios devastadores estão sendo registrados na Amazônia, no Pantanal, na Mata Atlântica e no Cerrado, destruindo grandes áreas e matando animais.

Fonte: G1