Mãe resgata sozinha filho caçula vítima do trabalho escravo no Brasil
Por sua luta, Pureza Lopes Loiola recebeu em Londres o Prêmio Anti-Escravidão da Anti-Slavery International, a mais antiga entidade mundial de combate ao trabalho escravo
A maioria dos brasileiros não conhece a história de Pureza Lopes Loiola, que resolveu sair sozinha em busca do filho caçula, Abel Lopes Loiola, vítima do trabalho escravo no Brasil.
No início dos anos 1990, depois de um mês sem notícias do filho caçula, Pureza decidiu seguir seu rastro. Munida de uma bolsa e da roupa do corpo, estava resolvida a encontrá-lo vivo ou morto. Ela sabia apenas que ele tinha ido ao Pará.
“Medo eu não tinha. Nunca tive. Mas tinha a certeza de que ia ir atrás dele, porque eu tenho um Deus. Eu chamava ele e dizia ‘não deixa eu morrer, deixa eu ir ao fim. Eu quero ir ao fim dessa briga'”, diz Pureza à BBC News Brasil, por telefone, de Bacabal (MA), onde vive com uma neta.
Em busca do filho, Pureza começou a trabalhar como cozinheira em fazendas do sul do Pará, para onde acreditava que o filho tinha ido.
Pureza ouviu sobre o sistema pelo qual os empregadores confiscavam documentos de identificação dos empregados e tornavam-nos totalmente dependentes dos encarregados para comer, vestir-se, abrigar-se e obter remédios. Embora não tenha presenciado assassinatos, ouviu de muitos que o destino à espera de quem tentava se rebelar ou fugir eram covas sem identificação na floresta.
Pureza, depois de conhecer de perto a realidade do trabalho análogo à escravidão e convicta de que o filho era mantido naquela condição, procurou a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em São Luís (MA).
Na tentativa de resgatar o filho, Pureza moveu céu e terra. Apoiada pela CPT, fez contatos com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Escreveu cartas de próprio punho para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (o único a responder foi Itamar).
Esteve em Brasília, que qualifica de “cemitério” e “carniça”. “Ali ninguém tem coração, ali só briga por dinheiro”, afirma, acrescentando que, durante cerca de um ano, só recebeu ajuda de três pessoas, entre elas uma procuradora da República e um radialista.
Ao final da peregrinação, com apoio de autoridades, Pureza conseguiu localizar e resgatar o filho caçula. Hoje, Abel vive em Bacabal com a família.
A jornada transformaria a mãe angustiada em um símbolo do combate ao trabalho escravo e seria o ponto de partida do longa Pureza (2019), de Barbieri, que já fez parte da seleção oficial de outros 23 festivais ao redor do mundo e aguarda o fim da crise sanitária para chegar ao circuito comercial.
Por sua luta, Pureza também recebeu em Londres o Prêmio Anti-Escravidão da Anti-Slavery International, a mais antiga entidade mundial de combate ao trabalho escravo.
Fonte: BBC Brasil
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