Nestas eleições, um candidato é assassinado a cada 3 dias
Levantamento feito pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania indica que, desde 17 de setembro, foram mortos 14 candidatos a vereador e um para prefeito em 12 estados
Por: Mariana Lima
As eleições municipais de 2020 estão sendo marcadas pela violência. Desde 17 de setembro, dia seguinte a oficialização das candidaturas, ao menos 15 candidatos foram assassinados no país.
No total, 14 candidatos ao cargo de vereador e um candidato a prefeito forma mortos em cidades do interior de 12 estados brasileiros, estabelecendo uma média de um assassinato relacionado à eleição a cada três dias.
Além dos assassinatos consumados, foram registrados no mesmo período pelo menos 19 tentativas de assassinatos com armas de fogo contra candidatos destas eleições.
Na maior parte dos casos, os candidatos vítimas dos atentados chegaram a ser atingidos por tiros, mas sobreviveram.
O levantamento foi realizado pelo professor Pablo Nunes, doutor em ciência política e coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).
Vale ressaltar que desde janeiro, ele já registrou a morte de pelo menos 80 políticos no país, incluindo pré-candidatos, candidatos, ocupantes e ex-ocupantes de cargos eletivos.
De acordo com o levantamento, os estados do Pará, Paraíba e São Paulo são os que mais registram episódios de violência nesta campanha, representando quatro casos para cada um.
No Pará, por exemplo, um candidato a prefeitura foi morto e três candidatos a vereador foram alvos de atentados. Até o momento, a Polícia Civil investiga se os crimes têm motivação política.
No dia 7 de outubro, o candidato a prefeito do município de Dom Eliseu, no sudeste paraense, Adriano Sousa Magalhães (Solidariedade), foi assassinado enquanto comia um lanche na rua. Magalhães estava em um carrinho de lanche quando um homem desceu armado de um carro e efetuou vários disparos, fugindo logo depois.
O partido Solidariedade disse, em nota, que o crime se trata de “um duro golpe è democracia, que infelizmente ainda acontece em nosso país pela ganância do poder”.
De acordo com o professor Pablo Nunes, responsável pelo estudo, o ano de 2020 está sendo particularmente mais violento do que períodos eleitorais anteriores.
Contudo, ele ressalta que não é possível afirmar quantos e quais crimes tiveram a disputa política como motivação. No Brasil, pontua o professor, menos de 10% das mortes violentas chegam a uma resolução de quem cometeu o crime e por quais motivos.
No levantamento, a existência de um padrão nos assassinatos de candidatos é abordada no levantamento. Casos de emboscadas com tiros em locais públicos é observada na maior parte das situações, sugerindo a possibilidade de execução na maior parte dos casos.
Fonte: Folha de São Paulo