Por dia, mais de 250 mulheres são vítimas de violência no RJ
Dados são referentes ao primeiro ano da pandemia de Covid-19. No total, mais de 73 mil mulheres foram vítimas de violência durante o isolamento social
Por: Mariana Lima
Um levantamento do Núcleo de Estudos ISPMulher, do Instituto de Segurança Pública (ISP), revelou que entre março e dezembro de 2020, mais de 73 mil mulheres foram vítimas de violência no estado do Rio de Janeiro. Deste total, 45.477 crimes foram registrados sob a Lei Maria da Penha.
O número é equivalente a 250 vítimas por dia no estado. O levantamento buscou analisar dados de registro de ocorrências, serviço 190 e disque denúncia, além de dados de nível de isolamento social fornecidos pelo Google.
A análise evidenciou uma queda significativa nos registros de ocorrências nos meses de abril, maio e junho. Porém, com a flexibilização das medidas restritivas e a queda no nível de isolamento, o número de registros começou a aumentar e, no fim do ano, aproximou-se do mesmo patamar anterior ao isolamento social.
Apesar dos dados alarmantes, em 2020 houve uma redução de 21,9% no número de crimes de violência contra a mulher registrados em delegacias, comparado ao mesmo período em 2019.
Isso não significa que a violência diminuiu ou deixou de acontecer, mas pode indicar uma subnotificação por causa das restrições implementadas durante a pandemia.
De acordo com o levantamento, a casa continua sendo o lugar mais perigoso para as mulheres. No período analisado, mais de 75% das vítimas sofreram violência dentro de casa e ainda houve aumento de ocorrências de crimes mais graves em residências.
No total, 81% dessas mulheres foram vitimadas pelo próprio companheiro ou ex-companheiro. Já o número de chamadas para a Central 190 da Secretaria de Estado de Polícia Militar sobre crimes contra a mulher teve um aumento 1,6% em relação a 2019.
Foram 73.274 ligações entre 13 de março e 31 de dezembro de 2020, em comparação com 72.076 no mesmo período de 2019.
Além disso, em 2020, 65 mulheres foram mortas por serem mulheres, vítimas de feminicídio. O bairro de Campo Grande, na cidade do Rio de Janeiro, e o bairro Caonze, em Nova Iguaçu, dividem o primeiro lugar no ranking estadual, com o maior número de casos de feminicídio.
Cada um registrou quatro vítimas ao longo dos dez meses analisados e 190 tentativas de feminicídio, segundo dados do ISP. No primeiro mês de 2021, nove mulheres foram mortas, sendo o maior número de vítimas para o mês desde o início da série histórica, em 2016. Já em fevereiro foram 5 vítimas de feminicídio.
Já, segundo dados da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro, a Patrulha Maria da Penha quase dobrou o número de atendimentos nos dois primeiros meses de 2021 na comparação com o mesmo período em 2020, antes da pandemia.
Foram 8.668 fiscalizações de medidas protetivas, assistência à mulher e visitas de acompanhamento em janeiro e fevereiro deste ano, em comparação com 4.362 no mesmo período de 2020.
Fonte: Gênero e Número