Projeto Carolinas ajuda famílias vulneráveis na Zona Leste de São Paulo
Entre março de 2020 e julho de 2021, o projeto Carolinas entregou centenas de cestas básicas, marmitas, kits de higiene, roupas e fraldas. Iniciativa atende famílias da Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo
Por: Isabela Alves
Com a chegada da Covid-19 no Brasil, em março de 2020, muitas famílias não tiveram a opção de fazer o isolamento social.
De acordo com uma pesquisa realizada em julho de 2020 pelo Datafavela, mais da metade da população que mora em favelas no Brasil (51%) não conseguiu seguir as medidas de prevenção ao contágio como gostaria.
72% dos entrevistados afirmaram que não conseguem ficar em casa porque precisam trabalhar fora para manter a renda.
Preocupada com as pessoas em situação de vulnerabilidade social que vivem na Cidade Tiradentes, bairro situado no extremo leste da capital paulista, a professora da rede pública Simone Rego, de 48 anos, decidiu fazer algo em prol da sua comunidade.
Ela é a criadora do projeto Carolinas, que surgiu através de uma rede de solidariedade entre amigos, ex-alunos, seguidores nas redes sociais e coletivos.
“Começamos a cadastrar famílias para entregar cestas básicas e itens de higiene. Quando iniciei a rede, não tinha noção de que se tornaria um projeto social, mas ao tomar contato com tantas realidades, a cesta básica passou a ser uma forma de ouvir histórias, apoiar e acolher”, afirma Rego.
Por meio deste contato, as pessoas deixaram de ser meros números. A Cidade Tiradentes é o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, com 228.854 mil pessoas distribuídas por 14,9 km². Apesar de ser um dos dez distritos mais populosos de São Paulo, o local carece de políticas públicas.
“O único hospital da região trabalhou com sua capacidade máxima e o povo, sem opção de isolamento, ficou exposto em transporte público lotado, entregue à própria sorte. Por outro lado, as péssimas condições de moradia, casas de barraco, sem água potável, iluminação, córrego a céu aberto foram outros fatores que nos fizeram agir rapidamente”, diz Rego.
O projeto também ajudou idosos sem acesso à tecnologia a preencher o seu cadastro no auxílio emergencial.
A partir do mapeamento das famílias mais vulneráveis da região, a equipe de Simone entrou na divisa entre Cidade Tiradentes e Ferraz de Vasconcelos, um local chamado Jardim Vista Alegre, onde cerca de 150 famílias bolivianas viviam ilegalmente. A iniciativa entrou em contato com o Consulado e conseguiu ajudar a comunidade.
Com a rede de solidariedade, entre março de 2020 e julho de 2021, foram entregues centenas de cestas básicas, marmitex, cestas de legumes e verduras, kits de higiene, roupas, fraldas e absorventes.
A arrecadação foi feita através das redes sociais e os voluntários retiravam as doações. O projeto contou com o apoio da Igreja Associação de Santo Cristo para fazer a distribuição de doações de acordo com as necessidades de cada família.
Incêndio destrói diversos barracos
Em maio de 2020, houve um incêndio que queimou treze barracos na Favela Sousa Ramos. Para ajudar as famílias, a professora promoveu uma vaquinha online para ajudar na construção de novas casas de alvenaria.
Após a tragédia, membros do coletivo passaram a visitar a região todos os dias para realizar ações para além da entrega de cestas básicas. Eles promoveram uma festa junina, dia das crianças, dia da beleza e aulas de graffiti para trazer mais alegria para as pessoas da região.
Após algum tempo, outra extremidade da favela também pegou fogo, com 10 barracos atingidos desta vez. Novamente, foi feito um mutirão para a construção de novas moradias. Foram doados blocos, cimento, areia, telhas, móveis e roupas para as vítimas.
O empoderamento de mulheres e jovens periféricos
Simone também passou a promover rodas de conversas com mulheres em locais improvisados em vielas. Os encontros ocorriam quinzenalmente e sempre traziam novos temas.
Em uma das rodas de conversa, as mulheres realizaram uma atividade de se olhar no espelho e descrever o que viam. Uma delas se emocionou: “Não me olho no espelho há muito tempo”. Através destas atividades em grupo, as mulheres se fortaleceram e passaram a compartilhar as suas vivências.
O nome do projeto surgiu apenas em janeiro de 2021, quando a professora apresentou o livro Quarto de Despejo, da escritora Carolina Maria de Jesus.
“Elas se emocionaram e diziam que era a vida delas ali. Eu dizia e digo que elas terão a oportunidade de ser protagonistas de suas histórias”, relata.
Agora, o projeto social busca trabalhar com três frentes: mulheres, crianças e jovens. Com as mulheres, o projeto focará na geração de renda por meio de rodas de formação e oficinas de costura e bordado. As crianças terão acesso a diversas oficinas e aprendizagem e os jovens farão oficinas de iniciação em pesquisa e resgate da memória local.
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Simone da Silva Rego CPF: 170 724 088 – 43
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