Realidade: 38% dos trabalhadores no Brasil ganham até 1 salário mínimo
No primeiro trimestre de 2022, a quantidade de trabalhadores, formais e informais, que recebia até um salário mínimo chegou a 38,22%. Jair Bolsonaro (PL) terminará o mandato no fim deste ano como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando entrou
O total de profissionais brasileiros que ganhavam até um salário mínimo era de 27,6% no último trimestre de 2015 e foi a 30,09% no mesmo período de 2018, no fim do governo Temer.
Já em 2022, no primeiro trimestre, a quantidade de trabalhadores, formais e informais, que recebiam até um salário mínimo chegou a 38,22% do total da força ocupada, segundo levantamento feito pelo economista Lucas Assis, da Tendências Consultoria, a pedido do O Globo.
Apenas no governo Bolsonaro, essa participação dos trabalhadores que ganham até um salário mínimo cresceu 8,2 pontos percentuais. Em números absolutos, são 36,415 milhões de pessoas, 8,3 milhões a mais do que no fim do governo Temer.
Isso ocorreu tanto no emprego formal como no informal. Entre os que têm carteira assinada, o total de pessoas que ganham o piso passou de 14,06% no fim do governo Temer para 22,48% no primeiro trimestre deste ano. Entre os informais, o salto foi de 53,46% para 61,73%. No grupo de trabalhadores sem carteira assinada, há, inclusive, um grande contingente que ganha menos que o piso.
O problema é que essa geração de postos ocorreu majoritariamente pelo achatamento salarial: foram criadas, no período, 7 milhões de vagas com rendimento de até um salário mínimo. Em contrapartida, foram destruídos 2,4 milhões de postos de trabalho com rendimento superior a esse patamar.
A criação da maioria das vagas apenas com salário mínimo ajuda a derrubar a renda do trabalho no país, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE. Em janeiro de 2015, a renda média do trabalhador era de R$ 2.764, em valores corrigidos pela inflação. Em julho de 2020, turbinado com o Auxílio Emergencial, que aqueceu a economia, chegou ao recorde recente de R$ 2.967. Mas desde então teve diversas quedas e agora está em R$ 2.569.
Jair Bolsonaro (PL) vai terminar o mandato em dezembro deste ano como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. Nenhum governante neste período, seja no primeiro ou no segundo mandato, entregou um salário mínimo que tivesse perdido poder de compra.
Fonte: O Globo