Relatório da Oxfam coloca a Covid-19 como o vírus da desigualdade
Divulgado em janeiro de 2021, o relatório evidencia como a pandemia de Covid-19 potencializou as desigualdades de renda, gênero e raça presentes na sociedade
Por: Mariana Lima
A Oxfam Internacional lançou no início do ano o relatório ‘O vírus da desigualdade’, que compila dados e reflexões sobre como a pandemia de Covid-19 afetou diversos países ao agravar suas desigualdades já latentes.
O relatório destaca alguns dados que exemplificam as realidades distintas vivenciadas ao longo da crise causada pela pandemia.
Um dos exemplos aponta para os 1 mil maiores bilionários do mundo, que levaram apenas nove meses para ver suas fortunas retornando aos níveis pré-pandemia, enquanto a recuperação dos mais pobres pode levar mais de uma década.
Outro ponto destacado é que quase 22 mil latinos e pessoas negras nos EUA estariam vivos no final de 2020 se os índices de mortalidades dessas comunidades fossem iguais aos de pessoas brancas.
Além disso, 112 milhões de mulheres não teriam risco de perderem a renda e o emprego caso estivessem representadas de forma igualitária em relação aos homens nos setores atingidos de forma negativa pela crise da Covid-19.
Para a construção do relatório, foram ouvidos economistas para avaliar o impacto da pandemia na desigualdade. O documento conclui que 87% dos entrevistados acreditam que a Covid-19 levará a um aumento da desigualdade de renda em seu país. E 56% acreditam que a pandemia levará a um aumento da desigualdade de gênero.
Apesar da análise a nível global, o relatório apresenta dados específicos sobre o Brasil como exemplo do impacto da desigualdade. Segundo o documento, pessoas negras internadas em hospitais apresentaram risco significativamente maior de morte do que pessoas brancas.
Em junho de 2020, morriam 40% mais negros que brancos por coronavírus no Brasil. Se as taxas de mortalidade fossem iguais entre negros e brancos, naquele momento, mais de 9.200 afrodescendentes ainda estariam vivos.
Logo em sua abertura, o relatório conta com o depoimento da assistente social e ativista de direitos humanos Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola, que reflete sobre o impacto da pandemia em solo brasileiro.
“A pandemia de coronavírus expôs os riscos advindos de sistemas de saúde mercantilizados e subfinanciados; da falta de acesso à água e saneamento; do trabalho precário; das lacunas na proteção social; e da destruição de nosso meio ambiente. Revelou como nossos sistemas profundamente desiguais, racistas e patriarcais afetam particularmente os negros e negras e outros grupos racializados e excluídos no Brasil e no mundo”, escreveu.
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