Como e quando chegar lá?
Por Milton Flavio
Em 2012, lá se vão 10 anos, por proposta nossa na subsecretaria de energia renovável, o secretário de energia José Aníbal e o governador Geraldo Alckmin, com outros secretários, assinaram e editaram o Programa Paulista de Biogás.
Na ocasião, considerou-se os objetivos da Lei no. 13.798-2009 que estabeleceu a Política Estadual de Mudanças Climáticas para o Estado de São Paulo, o Plano Estadual de Energia de 2002 que objetivava a ampliação das energias renováveis em nossa matriz energética, que a produção e consumo do biogás produzido através da biomassa era uma opção energética sustentável, renovável e de baixa emissão de carbono e o enorme potencial de geração de biogás no Estado pelos resíduos provenientes , principalmente, do setor sucroenergético.
O enfrentamento de resistências e o descrédito de opositores e conservadores fez com que apenas em 2017 a Secretaria de Energia e Mineração instalasse o Comitê Gestor do Programa Paulista de Biogás, com o objetivo de discutir as políticas públicas voltadas para a ampliação do biogás e do biometano na matriz energética do Estado de São Paulo. Um dos objetivos deste Comitê era definir o percentual de biometano que deveria ser injetado na rede de gás natural canalizado no Estado, número este já definido e apresentado pouco depois da aprovação do Programa Paulista de Biogás.
Hoje, com muito atraso, temos mais de 750 plantas em operação gerando biogás em nosso país, a produção em 2021 foi de 2,3 bilhões de Nm3 e deverá ultrapassar em 2022 2,8 bilhões de Nm3. A participação por tipo de usina/volume mostra a participação do saneamento com 74%, industrial com 16% e o agropecuário com apenas 10%. Estudos realizados quando da implantação do Plano Paulista de Biogás apontavam que se toda a vinhaça decorrente da produção do álcool em nosso Estado fosse transformada São Paulo seria auto suficiente nesta área.
Se provoca tristeza a demora e o atraso na concretização desta tarefa temos que comemorar que a conscientização das autoridades e especialistas está num patamar melhor e justifica nossa crença que o tempo da virada está próximo.
É torcer que não sejam necessários mais 10 anos para que possamos alcançar estes objetivos.
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Sobre o autor: Milton Flavio é professor aposentado da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP, ex-subsecretário de Energias Renováveis do Estado de São Paulo, e hoje é Assessor da Presidência da FAPESP.