IDIS lança pesquisa sobre perfil do doador brasileiro
Dados mostram que 77% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação em 2015
Diante de tantas notícias negativas a respeito do Brasil, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS – realizou uma pesquisa, com parceria de especialistas na área da cultura de doação, mostrando o perfil do doador brasileiro, trazendo resultados relativamente positivos para o ano de 2015.
Dados
No ano passado, 77% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação. Desses, 62% doaram bens, 52% doaram dinheiro e 34% doaram seu tempo para algum trabalho voluntário. Dos 52% que doaram dinheiro, 37% fizeram a doação para alguma instituição ou entidade social especificamente.
35% dos entrevistados que não doaram dinheiro em 2015 já fizeram algum tipo de doação nos últimos cinco anos. Os principais motivos por terem parado de doar foram falta de dinheiro (43%) ou desconfiança nas organizações da sociedade civil (17%).
O Perfil do Doador Brasileiro
A maioria dos doadores é do público feminino (49% contra 42% dos homens); quanto maior a idade, mais faz doação; mora na região Nordeste ou Sudeste; tem instrução superior; tem renda individual superior a quatro salários mínimos; está satisfeita com a própria renda e a própria vida; e tem religião.
A solidariedade e a sensibilidade por uma causa com relação às pessoas que precisam de ajuda são as principais razões que justificam as doações em quase 80% das respostas.
Os brasileiros tendem a se sensibilizar por causas relacionadas à saúde e às crianças, que correspondem a 40% e 36%, respectivamente. Essa classificação não se altera entre a opinião de quem é doador e de quem não é.
O cuidado ao decidir para quem ou a que causa será feita a doação corresponde a 88% dos brasileiros, mostrando que essa cautela é muito importante, pois muitas pessoas que não fazem doação ou pararam de doar não confiam nas organizações sem fins lucrativos, temendo uma possível fraude.
Valores
36% fazem doações 12 vezes por ano, ou seja, uma vez por mês. Os valores doados ficam na faixa de R$20 a R$40 por mês, que equivale a R$240 a R$480 por ano. Só no ano passado, o valor das doações individuais dos brasileiros chegou a R$13,7 bilhões, valor que corresponde a 0,23% do PIB do Brasil.
Fatores
As faixas etárias que mais realizam doação estão entre os 18 e 29 anos e acima dos 50 anos. Entre as pessoas de 18 a 29 anos, a porcentagem de doadores é de 38%. Nas acima dos 50, a porcentagem é de 31%.
A escolaridade é um fator muito importante e curioso, pois os grupos que mais fazem doação são os que têm ensino superior (51%) e os analfabetos (46%).
A renda financeira influencia consideravelmente no comportamento do doador. O grupo que mais doa é o que tem renda de 10 a 15 salários mínimos. Entre eles 58% são doadores.
A religião é outro fator que contribui para causas sociais. Espíritas, por exemplo, são os que mais doam. 58% das pessoas com essa religião praticam essa ação. Os evangélicos ficam em segundo lugar: 45% fazem doações.
A Pesquisa
A Pesquisa Doação Brasil foi feita para conhecer os hábitos e pensamentos da população brasileira sobre doação, dando base à criação de uma campanha que possa promover e estimular essa cultura no país.
“O IDIS trabalhou 16 anos apoiando principalmente famílias e empresas que possuem uma instituição e que realizam investimento social, assim, conseguimos perceber que existiu uma evolução, mas com muitas barreiras para aumentar o volume de recurso privado disponível para o social”, destacou Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. “Percebemos também que era preciso um diálogo com a sociedade, mexendo em uma questão cultural brasileira”, acrescentou.
O objetivo da pesquisa é conhecer o pensamento da população sobre a filantropia e seu comportamento com relação às doações, além de identificar fatores que possam facilitar na disseminação da cultura de doar e encontrar as principais barreiras que impedem essa ação.
A pesquisa foi dividida em duas etapas: a qualitativa, que reuniu 10 grupos focais em Recife (PE), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS), com o objetivo de entender o contexto, aprofundar o tema e contribuir para a etapa quantitativa, que entrevistou 2.230 pessoas em todo o país para obter respostas estatisticamente; os critérios de corte foram pessoas com 18 anos ou mais, população urbana e com renda familiar a partir de um salário mínimo.
Na pesquisa qualitativa, os doadores e não doadores concordaram que as pessoas devem doar de modo desinteressado, sem esperar nada em troca e sem divulgar a boa ação. Ao contrário dos Estados Unidos, onde as pessoas acham válido falar sobre a doação como método de disseminar essa cultura e incentivar outras pessoas a doarem.
Com esse estudo foi selecionado o público-alvo da futura campanha para uma cultura de doação: pessoas que já doaram e pararam; pessoas que nunca doaram nada; e também, para que as pessoas que fazem algum tipo de doação dentro do valor e tempo médio passem a doar valores acima da média com mais frequência.
O Evento
O evento de lançamento foi nesta quarta-feira (15 de junho), no espaço Oxigênio Aceleradora, da Porto Seguro, que promove startups e incentiva o empreendedorismo.
O lançamento dos dados contou com a participação de diversas instituições, como o Instituto C&A e o Instituto Arapyaú que foram alguns dos financiadores da pesquisa.
“A gente realmente acredita que iniciativas como essa são fundamentais para trazer mais informação, provocar e enriquecer o diálogo para um tema que é tão importante para nós, como a cultura de doação no Brasil”, disse Joana Castello Branco, coordenadora de comunicação do Instituto C&A.
“O Brasil tem um histórico muito ruim com dados; a gente tem carência de dados e que são ruins”, afirmou Marcelo Furtado, diretor-executivo do Instituto Arapyaú. “O que nos motivou muito a participar desse projeto é que com toda boa vontade para ter um Brasil doador, fomentar a cultura de captação de recursos, se não houver a transformação de dados em inteligência nós não sairemos de onde estamos; dados significam transparência”, completou.
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