Representação feminina no parlamento brasileiro ainda é “minoria”
Mesmo compondo a maior parcela da população, mulheres brasileiras ainda têm pouca representação política; Instituto Pólis lança iniciativa que pretende promover a importância da luta por justiça através da eleição de mulheres negras, indígenas e pessoas trans
Por Iara de Andrade
A população brasileira é composta por 51,8% de mulheres, mas a representação política no país não acompanha essa porcentagem. Desde 2020, o Brasil permanece na 143ª posição no ranking da União Interparlamentar sobre participação feminina, entre 188 nações. Na Câmara dos Deputados a representação é de 15%, no Senado Federal 16%, a mesma porcentagem nas Câmaras Municipais.
Dados da ONU Mulheres ainda contam que 82% delas já sofreram violência psicológica em espaços políticos; 45% foram ameaçadas; 25% foram violentadas fisicamente no espaço parlamentar; e 20% foram assediadas sexualmente. Além disso, 40% afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.
Quando se fala em corpos dissidentes, a situação é ainda mais preocupante: apenas 6,3% de mulheres negras são vereadoras; também não existe informações oficiais na Justiça Eleitoral ou no banco de dados do Congresso Nacional sobre a população LGBQIAP+. Números levantados por entidades ligadas à causa indicaram um aumento de 386% nas candidaturas da comunidade durante as eleições de 2018, sendo 25% de pessoas transgêneras.
Segundo informações do Observatório do Legislativo Brasileiro, pessoas brancas apresentam mais propostas relacionadas à agropecuária na Câmara dos Deputados, enquanto pessoas negras tendem a propor mais pautas voltadas a questões do meio ambiente, sobre direitos humanos e minorias.
Diante de tal cenário, o Relatório Luz 2022, para a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, afirma que o país está em retrocesso no alcance à igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas, previsto no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5.
A intenção de transformar
Na intenção de mudar essa realidade, o Instituto Pólis, Organização da Sociedade Civil (OSC) que tem como foco de atuação o Direito à Cidade, lançou a “Campanha Vote Cidades Juntas”, uma iniciativa que pretende promover a importância da luta por justiça urbana através da eleição de mulheres negras, indígenas e pessoas trans aos cargos do legislativo brasileiro.
Por meio de um formulário online, com perguntas relacionadas à pessoa, sua orientação sexual, identidade de gênero e informações de contato, a entidade busca construir uma metodologia para construir uma rede de atores que auxiliem na conquista de cidades justas, através de dinâmicas e realização de práticas focadas nas eleições de 2024.
Para se inscrever e saber mais, acesse o site.