Pedreiro aprende a dançar balé com filhas diagnosticadas com autismo
Para os pais, a prática do balé tem sido uma forma de tratamento para as filhas Isabele e Iasmin. Ambas possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
por Artur Ferreira
Joilson Santos, de 54 anos, trabalha como pedreiro há 28 anos, e junto com sua esposa Jaqueline, ele acompanha as duas filhas Isabele, de 8 anos, e Iasmin, de 10 anos, nas suas aulas de balé desde março deste ano. As duas filhas possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Os pais são seus mentores nas aulas de balé, que ocorrem no Centro Cultural Maestro Miro, em Feira de Santana (BA). As aulas reúnem outras crianças que também foram diagnosticadas com o Transtorno.
Joilson é único homem presente nas aulas e nunca havia tido contato com a dança antes. Agora, pedreiro e bailarino, ele se esforça para que as filhas aproveitem o balé da melhor maneira possível, já que esta é uma forma de terapia para elas.
Antes das aulas no Centro Cultural, as filhas do casal não falavam. As duas foram diagnosticadas com o transtorno a sete anos atrás, quando Jaqueline desconfiou de certos comportamentos auto agressivos das crianças.
Segundo o pai, um dos maiores desafios enfrentados para aprender a dançar o balé com as filhas foram aprender os movimentos e decorar os nomes franceses das posições. Inicialmente, Joilson nem pretendia participar das aulas devido os seus horários de trabalho, porém não conseguiu deixar uma das filhas sem um mentor que fosse próximo a criança e então decidiu participar.
As aulas seguem uma rotina rígida e ocorre todas as quartas e sextas-feiras, pois pessoas diagnosticadas com autismo tem fixação na rotina.
Joilson manteve focado no aprendizado da dança e no dia 7 de agosto realizou ao lado das filhas sua primeira apresentação. No palco, por ser o único homem presente, ficou em destaque.
Ele também relata que sofreu preconceito por parte de vizinhos e familiares, mas que não se deixou abalar por isso, pois quer dar um futuro melhor para suas filhas e considera que o balé é uma das melhoras formas para isso.
Atualmente, os pais buscam uma escola que aceite Isabele e Iasmin. Por enquanto, Joilson persiste em dividir sua rotina entre o trabalho de pedreiro e o de dançarino em conjunto com as filhas.
Fonte: Jornal CORREIO.