Enquanto políticos têm auxílio-moradia, vítimas de enchentes ficam desamparadas
Diante das fortes chuvas em São Paulo, nesta semana, prefeito da cidade declarou que moradores que se sentirem prejudicados podem pedir isenção do IPTU de 2021. No mesmo país, deputados, senadores e outros poucos privilegiados recebem auxílio-moradia de mais de R$ 4 mil mensalmente
O temporal que atingiu a Grande São Paulo no começo desta semana deixou a região alagada. As marginais Tietê e Pinheiros tiveram trechos intransitáveis. O funcionamento dos transportes públicos também foi prejudicado. O volume de água registrado no intervalo de 24 horas foi o maior para um mês de fevereiro em 37 anos, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
São Paulo chegou a ter 161 pontos de alagamento. Os Bombeiros registraram 1.018 acionamentos por enchentes na Grande São Paulo, com 182 desabamentos e 206 quedas de árvores. Botes foram usados em operações de resgate.
Muitas pessoas tiveram suas casas invadidas pela água e perderam tudo. Comerciantes também lamentam o prejuízo.
O prefeito da capital paulista, Bruno Covas, declarou que os moradores da cidade que se sentirem prejudicados pelos alagamentos podem pedir ressarcimento de impostos nas Subprefeituras. Os valores, segundo o prefeito, serão ressarcidos no IPTU de 2021. Ou seja, daqui a um ano.
E esse tipo de desamparo às vítimas de enchentes não é exclusividade da capital paulista. Basta acompanhar o noticiário para ver que muito pouco está sendo feito para combater as enchentes em diversas cidades do Brasil e igualmente pouco está sendo feito pelas pessoas já afetadas.
No dia 22 de janeiro, o governo federal reconheceu o estado de calamidade pública de quatro cidades atingidas pela chuva no Espírito Santo: Iconha, Alfredo Chaves, Vargem Alta e Rio Novo do Sul. E vários outros municípios do estado foram gravemente afetados por enchentes este ano.
Em Minas Gerais, 55 pessoas morreram em seis dias, em janeiro, por conta dos estragos causados por fortes temporais. 101 cidades foram declaradas em situação de emergência e outras cinco decretaram estado de calamidade pública.
Enquanto tantos brasileiros veem suas cidades alagadas e perdem tudo que têm, muitas vezes as próprias casas, vemos deputados e senadores, além de outros poucos grupos privilegiados, receberem mensalmente, além de altos salários, benefícios como auxílio-moradia de mais de R$ 4 mil.
Os parlamentares brasileiros têm um salário de R$ 33.763 e auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar. Também têm direito a verba de R$ 106.866,59 para contratar até 25 secretários parlamentares, e verba de R$ 30.788,66 a R$ 45.612,53 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato e outras despesas.
Essa comparação pode explicar por que o Brasil é um dos países com maior desigualdade no mundo.