51% dos moradores de favelas não estão se prevenindo contra Covid-19
Outro dado preocupante é que 80% das famílias que moram em favelas estão vivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia
Por: Isabela Alves
Mais da metade da população que mora em favelas no Brasil (51%) não consegue seguir as medidas de prevenção ao contágio pelo novo coronavírus, causador da Covid-19, como gostaria. O dado é de uma pesquisa realizada pelo Datafavela, em uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (CUFA). Foram entrevistadas 3.321 pessoas para o levantamento.
41% dos moradores afirmaram que estão procurando se prevenir e não encontraram obstáculos para implementar o isolamento social e também utilizar os itens de proteção. 39% afirmaram que nem sempre conseguem cumprir as medidas, enquanto 12% não conseguem implementar de forma alguma. Apenas 8% afirmaram que nem estão tentando se prevenir.
A pesquisa também apontou as dificuldades de cumprir o isolamento social por conta das moradias: cerca de 48% dos domicílios em favelas abrigam de quatro a sete pessoas e 59% destas casas possuem dois quartos no máximo, o que dá a média de 2,6 pessoas por quarto.
Um dado preocupante é que 80% destas famílias estão vivendo com menos da metade da renda de antes da pandemia. 35% chegaram a perder todos os rendimentos e 45% tiveram uma drástica redução. 11% perderam metade do que ganhavam e 5% afirmaram ter uma queda menos severa do salário.
72% afirmaram que não conseguem ficar em casa porque precisam trabalhar fora para manter a renda. 45% afirmaram que não acreditam que precisam seguir todas as medidas, e 39% não acham que a doença seja “tão grave”.
24% dos moradores de favelas saíram de casa todos os dias na última semana, enquanto 11% deixaram a casa por seis dias e ficaram apenas um, e 15% estiveram na rua cinco vezes na semana. 30% estão conseguindo manter um isolamento mais rígido, ou seja, estão saindo apenas um ou dois dias por semana.
85% saem de casa para ir aos supermercados e 71% vão a locais no entorno de suas casas. 52% utilizaram o transporte público e 48% foram trabalhar.
Fonte: Agência Brasil