Fome pode atingir 67 milhões de latino-americanos até 2030
Em 2019, 47,7 milhões de latino-americanos passaram fome. Até 2030, esse número pode subir para 67 milhões
Por: Júlia Pereira
No último ano, 47,7 milhões de pessoas passaram fome na América Latina e no Caribe. Mesmo sem considerar o impacto da pandemia, calcula-se que 20 milhões de pessoas a mais enfrentarão a fome dentro de uma década: em 2030, ela afetará 67 milhões de latino-americanos.
É o que mostra o relatório intitulado Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo em 2020, divulgado nesta segunda-feira (13), em Santiago (Chile), por diversas agências da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com os números, a região não poderá cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, que diz sobre a erradicação da fome até o ano de 2030.
Especialistas alertam que, com a pandemia, a realidade será ainda pior do que o divulgado pelo relatório. Por isso, é necessário que governos, o setor privado, a sociedade civil e organizações multilaterais formulem respostas extraordinárias para a questão.
Atualmente, a fome afeta 7,4% da população da América Latina e do Caribe. A previsão é que o número alcance 9,5% em 2030 e será mais intenso na América do Sul, chegando a 7,7% (36 milhões de pessoas). Na América Central, a fome atingiria 7,9 milhões de pessoas, de acordo com o relatório.
Já o Caribe, que obteve avanços essenciais no combate à fome, pode chegar a 6,6 milhões de habitantes que não conseguiram consumir as calorias suficientes para levar uma vida ativa e saudável.
No período de 2000 a 2014, a fome diminuiu na América Latina e no Caribe: de 73 milhões para 38 milhões de pessoas. A época foi de crescimento econômico para a região, que contou com governos priorizando o combate à fome.
Em 2015, no entanto, o retrocesso se iniciou. O desenvolvimento econômico desacelerou e os programas sociais se enfraqueceram. Até que, em 2018, houve 43 milhões de pessoas sofrendo com a fome.
Além dessa vulnerabilidade, a obesidade também é um tema de alerta no relatório, já que afeta 7,5% dos menores de cinco anos na região, contra 5,6% da média mundial. Especialistas mostram que uma das realidades que levam a esse número é o alto custo de uma dieta que cubra as necessidades energéticas mínimas: 1,60 dólar por pessoa diariamente, o que representa 34% a mais que a média global.
Uma alimentação que forneça todos os nutrientes essenciais e a energia que cada pessoa necessita para se manter saudável também é de alto custo na região: 3,98 dólares por dia por pessoa. O valor é o triplo que uma pessoa abaixo da linha da pobreza pode gastar em alimentos diariamente, fazendo com que mais de 104 milhões de habitantes não consigam custear uma alimentação balanceada.
Fonte: El País Brasil