No Brasil, risco de morrer por Covid-19 depende do endereço
Levantamento comparativo realizado pela Revista Piauí mostra diferentes taxas de mortalidade por Covid-19 de acordo com cidade ou bairro em que a pessoa vive
Por: Mariana Lima
O local de moradia pode aumentar ou diminuir a chance de que pessoas da mesma geração morram por causa do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19.
Além do país em que esses indivíduos estão inseridos, outros fatores determinantes são a cidade e, até mesmo, o bairro.
Um brasileiro entre 30 e 39 anos chega a correr 11 vezes mais risco de se tornar vítima fatal do novo coronavírus do que um italiano da mesma faixa etária.
Além disso, a mortalidade de idosos durante a pandemia na Vila Jacuí, bairro periférico da zona leste da cidade de São Paulo, é duas vezes maior que a de idosos do Morumbi.
Os dados foram divulgados em um levantamento comparativo realizado pela Revista Piauí por meio do projeto =igualdades.
O levantamento utilizou dados do Ministério da Saúde; Ministério da Saúde italiano; IBGE; ONU; Governo da cidade de Nova York; Tabnet – prefeitura do Rio de Janeiro e a de São Paulo; e Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos. A maioria dos dados foi coletada até o dia 13 de agosto.
Brasil vs. Itália
A maior discrepância entre Brasil e Itália está no risco de morte por Covid-19 na faixa etária de 30 a 39 anos. Até o dia 4 de agosto, 67 italianos que se encaixavam nesse grupo morreram por Covid-19 – o equivalente a 1 morte a cada 100 mil habitantes.
Já entre os brasileiros, até o dia 8 de agosto, foram 3.662 mortes confirmadas dentro desta mesma faixa etária. Com base neste número, a taxa é de 11 mortes por 100 mil habitantes.
Rio vs. NY
Até o dia 13 de agosto, Nova York, uma das cidades com mais mortos pela Covid-19, registrava 879 pessoas com até 44 anos mortas pelo vírus, tendo uma taxa específica de 17,2 mortes por 100 mil habitantes.
Na cidade do Rio de Janeiro, foram 693 mortos na mesma faixa etária, resultando em uma taxa de 17,6 mortes por 100 mil habitantes. O risco de morte em ambas as cidades é igual.
Rio, um palco para a desigualdade
A cidade do Rio de Janeiro apresenta uma discrepância em relação ao risco de morte por Covid-19 entre seus distritos. Até o dia 13 de agosto, ao menos 8 pessoas de 30 a 49 anos morreram vítimas do vírus na região administrativa de Copacabana, uma das mais nobres da cidade, alcançando uma taxa de 16 mortes por 100 mil habitantes.
Em contrapartida, na região de Campo Grande, que tem um dos piores índices de desenvolvimento humano da cidade, a taxa entre pessoas da mesma idade foi de 62 mortes a cada 100 mil habitantes, quase quatro vezes mais que a de Copacabana.
Outro recorte que pode ser exemplificado na região administrativa de Copacabana se refere à concentração de mortes de idosos (+60).
No total, foram 21 pessoas de até 59 anos vítimas da Covid-19 na região, levando a uma taxa de 18 mortes a cada 100 mil habitantes.
Entre os idosos, foram 305 mortes, ou seja, 484 a cada 100 mil, chegando a uma taxa que é 27 vezes a encontrada entre o resto da população.
Rio vs. SP
Nas duas primeiras semanas de agosto, a cidade de São Paulo registrou 3.388 mortes de pessoas entre 30 e 59 anos. A taxa para essa faixa etária foi de 65 mortes por 100 mil habitantes
Já no Rio de Janeiro, foram 2.250 vítimas na mesma faixa etária, resultando em uma taxa de 81 mortes por 100 mil habitantes. Ou seja, os cariocas de 30 a 59 anos enfrentam um risco 25% maior de morrer por Covid-19 que os paulistanos.
Em relação aos idosos, o cenário se inverte. Em São Paulo, 13.184 pessoas com mais de 60 anos morreram por Covid-19 até 13 de agosto. A cidade fica com uma taxa de 711 mortes por 100 mil habitantes.
No Rio, foram observadas 752 mortes nesta mesma faixa etária, chegando a uma taxa de 606 mortes por 100 mil habitantes.
Neste cenário, os idosos paulistanos enfrentam um risco 17% maior de morrer por Covid-19 em comparação ao cariocas.
As periferias de São Paulo
A disparidade entre pontos de uma mesma cidade também se repete na capital de São Paulo. As taxas de mortalidade na Vila Jacurí, distrito da periferia da Zona Leste da cidade, são maiores do que as do Morumbi, distrito da região nobre da cidade, em todas as faixas etárias.
Até 13 de agosto, pelo menos 74 idosos com mais de 75 anos morreram pela Covid-19 na Vila Jacuí, levando a uma taxa específica de 2.151 mortos por 100 mil habitantes.
No Morumbi, foram 31 mortes nesta faixa etária, uma taxa de 1.106 mortes a cada 100 mil habitantes. Ou seja, o risco de um idoso nessa faixa etária morrer por Covid-19 na Vila Jacuí é duas vezes o enfrentado no Morumbi.
Fonte: Revista Piauí
Esmeraldina pereira de souza
30/10/2020 @ 01:57
Pela estatística,e sinal que as pessoas não estão respeitando as regras,determinadas pelo ministério da saúde.
Esmeraldina pereira de souza
04/11/2020 @ 13:10
Nós tempos de hoje, tempos de relachamento,ainda temos muito que nos cuidar,Morumbi ,Rio de janeiro,São Paulo etc… Seja lá onde for
,morro ,periferia ,zona norte ,zona sul .Todos precisa do apoio das autoridades competentes.