Com aulas remotas, 53% dos professores se sentem sobrecarregados
Dados compõem a 3ª fase de uma pesquisa do Instituto Península que busca mapear os sentimentos e a percepção dos professores brasileiros em relação à pandemia
Por: Mariana Lima
Agora em outubro, o Instituto Península (IP) divulgou os resultados da 3ª fase da pesquisa ‘Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil‘.
Esta etapa revelou que 64% dos docentes entrevistados se sentem ansiosos, enquanto 53% estão sobrecarregados. Os resultados contemplam as mudanças ocasionadas desde o início da pandemia.
A terceira fase da pesquisa ouviu mais de 3.800 professores em todo o país, sendo realizada entre 20 de julho e 14 de agosto.
As duas fases anteriores já mostravam um quadro semelhante: 7 em cada 10 professores já haviam mudado muito ou totalmente suas rotinas em março, e 83% se sentiam despreparados para o ensino remoto em junho.
O perfil dos docentes que participaram da pesquisa é majoritariamente feminino (80%), dialogando com o percentual de mulheres no ensino básico (da educação infantil ao ensino médio), de acordo com o Censo da Educação Básica, de 2017.
Em geral, quanto mais novos os alunos, mais mulheres estão na profissão. Quanto mais velhos os alunos, mais homens lecionam.
Os desafios no ensino remoto e o retorno às aulas presenciais
De acordo com a pesquisa, os principais desafios do ensino remotos são a falta de infraestrutura e conectividade dos estudantes (79%), dificuldade para manter o engajamento dos alunos (64%), o distanciamento e a perda de vínculo entre estudantes e professores (54%).
Em relação ao ensino fundamental e médio, a falta de estrutura acarreta em um impacto ainda maior: 84% dos professores citaram esta como a principal dificuldade.
Além disso, a pandemia e a mudança para o ensino remoto também impactaram na percepção de aprendizagem. Para 41% dos docentes, poucos alunos aprenderam o esperado, e 32% afirmaram que metade aprenderam.
O levantamento ainda indica que 69% das escolas não têm previsão de retorno presencial, enquanto 21% estão com volta parcial prevista e 9% já organizam a volta total das aulas.
Considerando apenas as escolas municipais, a volta às aulas em 2020 é considerada inviável por 82% dos municípios, revelou o estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Entre os professores abordados pela pesquisa do Instituto Península, a possibilidade de conforto em relação a um possível retorno é baixo. Em uma escala de 0 a 5, sendo 5 muito confortável, a média é de 1,07.
Fonte: Gênero e Número