A importância da profissionalização para a sobrevivência das OSCs
Especialistas de diversas áreas discutiram o tema durante evento promovido pelo Observatório do 3º Setor
Nesta sexta-feira (17/08), o Observatório do Terceiro Setor promoveu o ‘1º Ciclo de Palestras Profissionalizar para Transformar o 3º Setor’, no auditório da Fundação Instituto de Administração (FIA), em São Paulo. O evento reuniu especialistas das áreas de captação de recursos, direito, comunicação e gestão para discutir a importância de profissionalizar as organizações da sociedade civil (OSCs) e dar dicas práticas de como fazer isso.
A abertura do evento foi realizada pelo diretor geral da FIA, Isak Kruglianskas, que falou sobre a importância de todos os setores olharem para questões envolvendo cidadania e sustentabilidade, e sobre como são necessárias iniciativas que contribuam para a profissionalização de organizações que se dediquem a essas causas.
Em seguida, foi a vez do diretor do Observatório do Terceiro Setor, Joel Scala, falar. Em seu discurso, ele destacou o cenário de crise que o Brasil vive e a relevância de quem atua no setor social para superação dessa crise. “Diante deste cenário, o Observatório assume o desafio de reunir atores importantes do Terceiro Setor. São profissionais que dedicam o seu trabalho à melhoria da qualidade de vida de seus semelhantes e da realidade social do país”.
Captação de recursos
A primeira palestra foi realizada por João Paulo Vergueiro, diretor executivo da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), e teve como foco a importância de toda organização da sociedade civil ter um plano de captação de recursos.
De acordo com ele, as organizações tendem a pensar muito nas despesas e no impacto que querem gerar, mas quase sempre esquecem do quanto é essencial arrecadar recursos de forma contínua. Só assim, elas se tornam financeiramente sustentáveis e não correm o risco de precisarem cortar programas ou até mesmo fechar as portas.
Vergueiro também explicou que o plano de captação deve estar alinhado ao planejamento estratégico da organização e deve ser feito para um período de pelo menos três anos, sendo revisado anualmente, para fazer as adaptações necessárias.
Direito
A segunda palestra abordou a importância da transparência, tema citado também nas apresentações seguintes. O palestrante foi o advogado José Alexandre Ferreira Sanches, do escritório Machado Meyer.
Entre os destaques da fala de Sanches estão a necessidade de prestar contas de forma acessível para os diferentes públicos da organização e de ter um canal de ouvidoria, para receber sugestões, críticas e até mesmo denúncias.
Comunicação
Tiemi Yamashita, estrategista social especializada em comunicação e sensibilização de público, começou sua palestra explicando que falar não é sinônimo de se comunicar. De acordo com ela, muitas organizações falham na comunicação por não entenderem essa diferenciação.
Como explicou Tiemi, só existe comunicação quando a pessoa recebe a mensagem e reage a ela. Se não houve uma reação, seja positiva ou negativa, não houve realmente comunicação. Assim, é preciso criar um plano de comunicação que leve em consideração que para cada público é necessário um tipo de interação diferente.
Tiemi também destacou a importância de entender os diferentes públicos da sua organização (doadores, voluntários, funcionários etc.), oferecer algo relevante para eles e só então pedir apoio. Isto porque antes de conseguir que eles façam algo pela sua instituição, você precisa chamar a atenção deles para a relevância da entidade, e o primeiro passo para conquistar atenção é mostrar que você se importa com o que é relevante para eles.
“Engajamento é uma conquista. A comunicação é a arte da sedução”, afirmou a palestrante.
Gestão
A última palestra do dia foi do administrador Alfredo dos Santos Junior, diretor executivo do Instituto GESC, focado na gestão de organizações da sociedade civil.
Em sua fala, o administrador apontou quatro grandes desafios das OSCs: garantir a sustentabilidade, pensar de forma estratégica, trabalhar em rede e desenvolver novas lideranças. Para superar esses desafios, a profissionalização é um passo essencial.
Para a questão da sustentabilidade, por exemplo, é preciso pensar em diferentes formas de arrecadar recursos, como a elaboração de bons projetos e a venda de produtos. E isso requer planejamento, atenção aos impostos e a mais uma série de fatores que podem influenciar os resultados da estratégia adotada.
Da mesma forma, é fundamental planejar a sustentabilidade da organização em termos de governança. No início, é normal que a entidade esteja muito ligada à figura de seu fundador, mas a partir de um determinado momento ela precisa ter estrutura suficiente para sobreviver sem ele.
O evento
O ciclo de palestras foi realizado pelo Observatório do Terceiro Setor, em parceria com a Fundação Salvador Arena e com apoio da Associação Científica e Cultural das Fundações Colaboradoras da USP (FUNASP), da Fundação IDI, da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da Fundação Sinhá Junqueira.
Ao longo dos próximos dias, serão publicados no site do Observatório do Terceiro Setor textos sobre cada uma das palestras, com mais detalhes do que foi dito. Além disso, o vídeo com a live no Facebook está disponível na fanpage do Observatório e em breve o conteúdo estará todo também no canal do Observatório no Youtube e no site.
“Toda OSC precisa de um plano de captação de recursos”
23/08/2018 @ 15:37
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