Conheça 5 mulheres inspiradoras que atuam em projetos sociais
Por Caio Lencioni
Agora em março, o Observatório do Terceiro Setor está produzindo uma série de conteúdos especiais para comemorar o Mês da Mulher. E nós pedimos aos nossos leitores que enviassem histórias de mulheres inspiradoras que atuam no Terceiro Setor.
Nós recebemos muitas sugestões e escolhemos cinco. São histórias de mulheres que muitas vezes permanecem anônimas, mas que lutam no dia a dia pela construção de um mundo melhor, seja ajudando pessoas em situação de vulnerabilidade, seja promovendo uma cultura local. Confira a nossa lista e fique à vontade para contar novas histórias nos comentários!
- Eliana Toscano – Novo Projeto Social
Eliana Toscano, 46, deixa muito claro o que já passou na vida. “Eu conheço o apogeu e a queda”. Depois de superar um período em que foi viciada em cocaína e até ter sido traficante nos anos 90, hoje ela dedica a vida a “dar atenção” aos dependentes químicos da região chamada de Cracolândia, em São Paulo.
Para realizar o “Novo Projeto Social”, que ela criou há aproximadamente um ano, Eliana diz oferecer o melhor produto: ela mesma. Com 3 visitas na semana, e às vezes aos domingos, ela é conhecida como “Mãe do Fluxo” por alguns dependentes da região.
Ela diz que o principal para essas pessoas em situação de vulnerabilidade é o carinho, a atenção e o afeto. “Eu trabalhei por um tempo no Atende 3 (tenda de atendimento emergencial). Os funcionários diziam que eu não poderia me envolver o tanto que eu me envolvia com os conviventes”, diz Eliana, que não se adaptou ao trabalho e resolveu sair do serviço realizado pela prefeitura.
Eliana questiona o viés assistencialista que é realizado por algumas organizações. “É necessário dar autonomia e fazer com que eles se sintam pertencidos ao lugar”. Outro ponto para o qual ela chama a atenção é o fato de que “o problema não vai ser resolvido apenas com comida e roupa. O carinho, a atenção, a orientação, como ficam?”, questiona.
A motivação para a criação do projeto veio por Eliana não concordar com o tipo de atendimento que é realizado em programas de reabilitação. Para ela, falta humanização. “Nós somos humanos, mas está faltando humanidade”.
Inclusão é outra palavra-chave que Eliana usa para dizer o que os dependentes precisam. Já em relação à sociedade, ela disse que falta empatia. “Faço esse trabalho porque quando estou salvando um, eu estou me salvando”.
Além do projeto, Eliana realiza palestras sobre o que aprendeu com o trabalho nas ruas. Ela também diz que fez um curso no Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (DNARC), em que são formados multiplicadores na prevenção ao uso de drogas.
Para o futuro do projeto, o sonho de Eliana é ter uma casa de acolhida, um lugar em que esses dependentes se sintam em casa. “Só que, para eu conseguir fazer essa casa, eu preciso de ajuda”.
Aos que desejarem ajudar Eliana, basta enviar um e-mail para [email protected].
- Maria Bernadete – Instituto Colibri
Maria Bernadete é formada em História e Geografia, além de ter especialização nas áreas de gestão pública e de turismo. Entretanto, outra formação que fez com que Bernadete se envolvesse com o âmbito social foi a de Artes Cênicas. A partir disso, começou a se envolver com diversos trabalhos, tanto no teatro como na televisão.
Na época em que era delegada regional de cultura em Araraquara, interior de SãoPaulo, Bernadete foi convidada por Edith Costa, idealizadora do projeto Educação de Adultos e Jovens de Araraquara (PROEAJA), para realizar uma premiação de jovens que tinham concluído um dos cursos.
Inspirada por Edith, Maria criou o Instituto Colibri, que promove a inclusão social por meio de projetos culturais, educacionais, esportivos e ambientais em Araraquara, no ano de 2007.
Antes da criação do instituto, em uma das viagens para Paraty (RJ), Bernadete conheceu Dona Dica, residente da praia de Cajaíba. Ao conversar com Dona Dica, Maria soube que alguns caiçaras estavam sofrendo pressão para abandonar suas casas por conta de uma exploração imobiliária. Com o intuito de alertar sobre essa realidade, ela produziu o documentário Dona Dica – Navegar, Viver…Resistir, junto ao amigo cineasta Paulo Delfini, no ano de 2005.
Bernadete resolveu se mudar para Paraty e fazer uma filial do Instituto Colibri na região. Ela diz que ao conversar com um grupo de mulheres que faziam artesanatos, resolveu criar outro projeto: o Paraty Eco Festival, que expõe o artesanato das comunidades tradicionais, como os caiçaras, indígenas e quilombolas. No festival, também acontecem palestras com profissionais de moda sustentável.
A ideia surgiu pelo fato de essas mulheres não saberem organizar as vendas dos artesanatos. Com isso, ela fez parcerias com diversas faculdades de moda e design, em que alunos, além de ensinarem técnicas de bordado, crochê e costura para os moradores de 13 comunidades, também aprendiam as técnicas dos caiçaras.
Em 2016, por conta de problemas pessoais, teve que mudar o local em que realizava as aulas. Hoje em dia, em uma sala menor, realiza as aulas na Ilha das Cobras para aproximadamente 45 alunas de diversas comunidades de Paraty.
- Mônica Xavier – Projeto Empathiae
Criado há 5 anos por Mônica Xavier, o projeto Empathiae, de São Paulo (SP), oferece atenção e apoio para famílias, principalmente as mães, de bebês com Síndrome de Down ou outras necessidades especiais.
A ideia surgiu depois que Mônica teve um filho prematuro. “Eu percebi que não era dada a atenção devida às mulheres que recebiam a notícia de que o filho tinha alguma deficiência. Toda atenção é voltada para o bebê e esquecem da mãe. Você não se permite conversar por medo do que vão pensar”, explica.
Um estudo realizado pela própria Empathiae diz que 82% das famílias que acabam de receber a notícia de que o filho tem Síndrome de Down gostariam de receber a visita de pais que têm um filho com a condição. Por o índice ser alto, Mônica diz que é necessária mais empatia de todos ao redor.
Outro dado que chama a atenção é de que 68,7% das mães que deram à luz não receberam nenhum tipo de assistência emocional na maternidade, segundo o mesmo estudo. Mônica ainda diz que muitas dessas mães levam cerca de dois anos para aceitarem a condição da criança.
O projeto consiste numa equipe de voluntários que realizam o acompanhamento dessas mães num período de um ano. Para Mônica, a questão da empatia precisa ser vivida.
No caso da Síndrome de Down, os voluntários são os pais de crianças que possuem a síndrome. O primeiro encontro é feito 24h depois que a condição da mãe foi passada, isso se a mesma desejar fazer o acompanhamento.
O mesmo é feito para outras situações: pais de bebês que possuem cardiopatia realizam atendimentos para famílias que tiveram crianças com essa condição. Atualmente, Mônica é a que atende famílias com bebês prematuros e outras deficiências que não sejam a Síndrome de Down.
Aos que são pais de crianças com Síndrome de Down, Cardiopatia e deficiências, e desejarem ajudar, a próxima capacitação acontecerá no dia 26 de maio. Para se inscrever, é necessário solicitar uma ficha de inscrição pelo e-mail [email protected].
- Alzira – Projeto Luzes da Vila
Além de experiências vividas, iniciativas podem ser criadas a partir de influências paternas. O projeto criado pela estilista Alzira Lucio, de 49 anos, é exemplo dessa influência. “Aprendi com meu pai a importância do voluntariado. Quando eu era pequena, já o ajudava numa instituição na qual ele trabalhava”.
Alzira criou o projeto Luzes da Vila, que consiste numa instituição que realiza a inclusão social, educacional e cultural de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
“Vivemos num bairro que não tem nada para essas crianças e jovens. O que oferecemos, além de um conforto e oficinas, é mostrar que elas podem ter uma oportunidade”, explica Alzira. Ela ainda completa que “não é apenas a distração, é também o empreendedorismo, mostrando para elas que o artesanato criado pode ser vendido numa feira, por exemplo”.
No projeto são realizadas oficinas de moda, oficinas de leitura e alguns passeios culturais. A iniciativa atende 83 crianças, sendo que a maioria são meninas, entre 2 e 14 anos. Alzira diz que esse número chega a dobrar quando a instituição realiza festas de natal, dia das crianças e outras comemorações.
As oficinas são realizadas na sede do projeto, no Morro São Bento, em Santos (SP). Para ela, a sede do projeto tem um caráter sentimental. “Aqui é onde meu pai morava. Depois de um tempo que ele morreu, eu e meus irmãos decidimos usar a casa para fazer o projeto”, conta.
- Mara Esteves – Coletivo Achadouros de histórias
Criada por Robinson Padial, conhecido como Binho e idealizador do Sarau do Binho, e sua irmã Lola, a Brechoteca, biblioteca comunitária que também funcionava como um brechó, realizava ações culturais e de incentivo à leitura no distrito de Campo Limpo, em São Paulo (SP).
Em 2012, o espaço estava prestes a fechar, mas o Coletivo Achadouros de Histórias não permitiu que o fechamento ocorresse.
Uma das integrantes do coletivo é a educadora Mara Esteves, que também atua como produtora cultural. Para ela, “o principal objetivo é a democratização do acesso a leitura”. Mara lembra que, em muitas periferias da cidade, a presença do livro é quase nula, já que não há bibliotecas públicas, livrarias ou qualquer espaço destinado ao exercício da leitura nesses locais.
“Com o incentivo à leitura e outros tipos de arte e cultura, formamos cidadãos críticos”, diz Mara. Na Brechoteca, acontecem oficinas de percussão, teatro popular, sessões de cinema e outras atividades que o bairro demande.
Outra atividade que acontece no espaço é a Ciranda de Mulheres, que nasceu da vontade de fortalecer o vínculo entre as mulheres da comunidade do Jardim Umarizal, bairro onde a Brechoteca se encontra.
Nos encontros, as mulheres realizam troca de saberes através de diálogos, com foco no protagonismo feminino e a apropriação de seus direitos. Atualmente, atividades em uma horta na sede do projeto estão, nas palavras de Mara, “promovendo um exercício terapêutico e ancestral”.
MARIA LAURA CARVALHO BICCA
23/03/2018 @ 16:12
parabens !
MUITO BOAS AS INICIATIVAS E NOTICIAS DIVULGADAS.
Redação Observatório
26/03/2018 @ 10:14
Muito obrigada pelo reconhecimento, Maria! :)
Flavia Taliatelli Barsottini
26/03/2018 @ 20:41
ADMIRAÇÃO,em conhecer uma dessas 5 mulheres incríveis ,Mônica Xavier,orgulho de te conhecer ,me envolver com a ONG,ter seu apoio e amizade que sou grata .Vc é uma mulher incrível mesmo ,e estar aí não passa de merecimento por todo seu trabalho lindo ,que sou fã .Feliz por isso
Flávia Taliatelli Barsottini ??
Lindivania Lima Pereira
20/07/2020 @ 13:35
Fiquei muito feliz por essas mulheres, pois o meu sonho e criar um projeto que venha ajudar as crianças, jovens e mulheres pois as drogas e muitas mulheres que tem uma criatividades mais não sabem como vê
der suas artes e as vezes não tem um incentivo e eu quero ajudá-las.m Moro em uma comunidade pequena chamada Orojó no município de Camamu Bahia.Gostaria de conhecer todas vocês beijos Deus continue abençoando vocês guerreiras