IDIS lança segunda parte da Pesquisa Doação Brasil
Dados mostram como brasileiros veem as organizações não governamentais
Após dois meses do lançamento da primeira parte da Pesquisa Doação Brasil, o Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) lançou a segunda lista de dados sobre o doador brasileiro. O lançamento ocorreu no dia 18 de agosto, no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo. Desta vez, os números estão voltados para a opinião da população com relação às organizações não governamentais (ONGs).
Problemas sociais e ambientais: responsabilidade do governo?
Segundo a pesquisa, 87% do total dos entrevistados acham que os problemas sociais e ambientais são problemas do governo, mas não excluem a importância da atuação das ONGs na melhoria desses problemas.
Mesmo que 50% dos entrevistados achem o papel das organizações importante, apenas 47% acreditam que o recurso captado vai para pessoas que realmente precisam de ajuda.
O comportamento dos doadores
Essa parte da pesquisa foi direcionada apenas àqueles que afirmaram ter feito doações durante o ano de 2015.
64% dos doadores ajudam uma única instituição. E, mesmo que 88% dos doadores escolham com cuidado a entidade que vão ajudar, 61% não conhecem o espaço físico da organização.
Abordagem
Existem diversas maneiras de uma organização da sociedade civil pedir doações, como campanhas no rádio, na TV e na internet ou abordagem direta em estações de metrô e outros locais públicos. Mas a insistência pelas doações pode prejudicar. 61% dos entrevistados consideram que as ONGs insistem demais.
Além disso, 64% dos brasileiros acham que se doarem uma vez para uma entidade, outras organizações irão procurá-lo para conseguir doação. Esse dado varia da experiência de cada um.
Maneiras de pedir doações
Para os que doam de maneira recorrente foram feitas perguntas para saber qual o método mais conveniente para uma organização pedir doações. A televisão, o rádio e as redes sociais foram as três primeiras da lista, respectivamente.
Apenas 20% dos doadores acham adequado que a abordagem seja feita pessoalmente, parando pessoas na rua ou batendo de porta em porta.
Meios de pagamento para doações
Utilizar um meio de pagamento e considerá-lo mais adequado são coisas diferentes. Há formas que são mais utilizadas, porém consideradas pouco convenientes, e vice-versa.
No caso do dinheiro, 59% dos doadores já doaram dessa forma e 54% acham mais conveniente.
O boleto bancário é o segundo método mais utilizado, com 30% dos doadores, mas 42% acham o meio mais conveniente.
Imposto de renda e incentivos fiscais
O imposto de renda é uma boa ferramenta para quem se interessa pela cultura de doação. Cerca de 50% dos doadores sabem dessa possibilidade, mas apenas 17% a utilizam.
Se houvesse mais incentivos fiscais, 58% afirmaram que poderiam realizar mais doações dessa forma.
Não doadores
Os não doadores são aqueles que não realizaram qualquer tipo de doação no ano de 2015, mas 40% consideram a possibilidade da mudança desse hábito.
24% desses não doadores disseram que essa mudança de postura só seria possível se eles tivessem mais dinheiro.
Por que não doar?
O grande impacto que influencia a decisão de uma pessoa em doar ou não está ligado a diversos fatores. Entre eles estão a desconfiança e a falta de transparência com relação à utilização dos recursos captados pelas organizações sem fins lucrativos. O índice de desconfiança chega a 40%, e 28% afirmam que as instituições não deixam clara a aplicação de seus recursos.
“As fontes de desconfiança vêm de uma visão de que existem algumas ONGs ligadas ao governo e essa visão é associada a algo negativo por conta da corrupção, com o governo estando no ápice de uma crise de credibilidade”, afirma Paulo Hernandes, diretor de Pesquisa e Consultoria para a América Latina do Instituto Gallup.
Ainda segundo Hernandes, entidades associadas a artistas ou outras personalidades públicas envolvidas em escândalos também geram desconfiança. Muitas pessoas acreditam que essas organizações são mais usadas para melhorar a imagem do artista do que para prestar serviços sociais.
A Pesquisa
A Pesquisa Doação Brasil foi feita para conhecer os hábitos e pensamentos da população brasileira sobre doação, dando base à criação de uma campanha que possa promover e estimular essa cultura no Brasil.
Segundo dados da pesquisa, 13,7 bilhões de reais foram doados no ano de 2015. Esse valor foi alcançado após a separação da população brasileira em maiores de 18 anos, com renda familiar de pelo menos um salário mínimo e população urbana, totalizando 124 milhões de pessoas. Desses, 46% doam para projetos sociais; foram deixados de fora o dízimo, esmolas e doações pessoais para amigos ou parentes.
Utilizando esses dados, foi feita uma mediana, que são os números que mais aparecem nas pesquisas, o resultado ficou entre R$240 e R$480 reais por ano, multiplicado pelo número de doadores, assim, chegou-se ao resultado final.
Ainda serão lançadas outras partes, com dados mais segmentados. “A gente ainda vai lançar o compilado do todo; uma análise com informações que estamos coletando com a Sociedade Brasileira de Psicanálise, com um sociólogo e com o pessoal da Fundação Getúlio Vargas”, declarou Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. “Nós estamos começando a discutir sobre as novas campanhas agora, e a ideia é continuar trabalhando esse conteúdo para poder resgatar mais organizações da sociedade civil como instrumento de transformação”, concluiu.
Para saber mais sobre a primeira parte da pesquisa acesse o link.
Voluntariado e o dia de doar - Observatório do Terceiro Setor
06/12/2017 @ 12:56
[…] e está em quinto lugar no mundo, em números absolutos, de voluntários. De acordo com a pesquisa Doação Brasil de 2016, feita pelo Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), 77% dos […]