1,6 milhão de crianças deixaram vacinas contra pólio, difteria, tétano e coqueluche
Estudo do UNICEF alerta que 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana, que protege contra difteria, poliomielite, tétano e coqueluche
O Brasil atravessou um período de retrocesso na vacinação infantil entre 2019 e 2021. É o que aponta um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicado na última quinta-feira (20/04). O estudo alerta que 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, nem a da poliomielite no período analisado.
Com isso, no ranking dos 20 países com a maior proporção de crianças desprotegidas, o Brasil ocupa a 12ª posição. O país soma 40% das crianças não imunizadas na América Latina.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que o cenário preocupa o governo federal. “A memória do impacto de doenças como sarampo e pólio parece ter sido perdida. Somos vítimas do nosso sucesso, mas não podemos nos contentar com esses diagnósticos”.
Ela acrescentou que uma das estratégias adotadas pela pasta é a busca ativa. “Enquanto uma criança não estiver protegida, todas as crianças estarão em risco”. Uma ação de vacinação envolvendo escolas deve ser empreendida no segundo semestre na região Norte.
O relatório do Unicef descreve que 2,4 milhões de crianças não tomaram todas as doses da DTP; 2 milhões não completaram o esquema da pólio. A recomendação do Ministério da Saúde é que as crianças completem o esquema vacinal desses imunizantes até os quatro anos de idade.
A tríplice bacteriana, também chamada de DTP, é ministrada em quatro etapas: a 1ª dose aos 2 meses; a 2ª aos 4 meses; a 3ª, aos 6 meses de vida. O reforço deve ser aplicado entre os 15 e 18 meses do bebê.
Já a imunização completa contra a paralisia infantil ocorre em três fases: são três injeções aos 2, 4 e 6 meses. Depois, duas doses de reforço oral (gotinha) são aplicadas aos 15 meses e em seguida até os 4 anos.
O Unicef alerta que a cobertura vacinal no país é uma das menores da história desde a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Atualmente, segundo balanço do governo federal, em 2022, 77,1% das crianças foram vacinadas para DTP e 70,68% para pólio.
A baixa na vacinação atinge o público infantil de maneira desigual: em zonas rurais e periferias das cidades a cobertura vacinal é menor se comparada à de bairros mais ricos.
O levantamento informa que o Brasil segue a tendência global: durante a pandemia de Covid-19, a cobertura vacinal caiu em 112 países. Para o Unicef, a desinformação contribuiu para o problema.
Fonte: CNN Brasil