60% dos professores sofrem com ansiedade e estresse
O aumento da violência na sala de aula e as péssimas condições de trabalho são os principais fatores ligados ao afastamento dos docentes
Por: Mariana Lima
Uma pesquisa promovida pelo site Nova Escola realizada com 5 mil docentes, apontou que 60% dos professores se queixaram de sintomas de ansiedade, estresse e dores de cabeça.
Os docentes ainda acusaram sofrer de fraqueza, incapacidade ou medo de ir trabalhar (66%), e 87% dos entrevistados acreditam que os problemas de saúde são decorrentes ou intensificados pela profissão.
Outro levantamento, agora realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), revelou que 71% dos 762 profissionais de educação da rede pública do país se afastaram da escola após episódios que desencadearam problemas psicológicos e psiquiátricos nos últimos 5 anos. Dados foram colhidos em 2017.
Entre os dados apontados, a maior incidência se apresenta em casos de estresse provocado por situações de insegurança; essa categoria detém 501 ocorrências, o equivalente a 65,7%. Logo em seguida vem a depressão com 53,7%.
Os dados do CNTE até pouco tempo atrás colocavam a perda de voz como campeã das doenças que afastavam os professores, no entanto, fatores como condições de trabalho e a agressividade dos alunos modificaram esse ranking.
Em junho de 2019, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS, no original em inglês). Utilizando um universo de 48 países, os professores brasileiros são os que recebem os piores salários.
A pesquisa revela que, além de terem o menor poder de compra, os professores brasileiros não apresentam diferenças salariais ao longo dos anos, em oposição a outros países estudados que colocam os aumentos salariais como parte de planos de carreira.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) realizou em 2017 uma pesquisa que revelou que 51% dos professores da rede estadual já passaram por algum tipo de violência. Esse dado é maior que o registrado há três anos (44%).
Um estudo, do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com 1.021 professores do ensino público no estado do Paraná, identificou a presença de pequenos distúrbios psíquicos em 75% dos entrevistados, depressão em 44% e ansiedade em 70%.
Os fatores que podem estar influenciando essas ocorrências são: a desvalorização do trabalho dos professores, desrespeito por parte dos alunos, baixos salários, salas superlotadas [a média é de 30 a 40 alunos por sala em escolas públicas], pressão por produtividade e cargas horárias exaustivas.
Pesquisadores do Grupo de Estudos Interdisciplinar sobre Violência (GREIVI) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) – USP, desenvolveram uma cartilha para auxiliar alunos, professores, familiares, diretores e demais funcionários da rede de ensino em situações de violência no ambiente acadêmico. A cartilha “Violência Escolar: Ações de Intervenção e prevenção” também oferece sugestões para medidas preventivas que promovam uma melhora da saúde mental nas escolas.
Fonte: Lunetas
60% dos professores sofrem com ansiedade e estresse – SINTRAMEM
30/10/2019 @ 11:02
[…] Fonte: observatorio3setor.org.br/ […]
MARCOS DPAULA
30/10/2019 @ 13:15
Parabéns pela postagem! Uma realidade a ser mudada. Quando se trata de manutenção do equilíbrio emocional, somos influenciados por mecanismos corporais destinados à sobrevivência em períodos de estresse, explicam pesquisas. Isso significa que nosso cérebro, como faziam nossos ancestrais, estimula o corpo a manter o produção de estressores, mesmo que em excesso, para que o corpo tenha reserva de energia caso haja necessidade de reação. Isto porque o cérebro ainda interpreta intervalos entre efeito resposta nos períodos de exposições estressantes. Assim, ocorre um desequilíbrio metabólico.
Mas, e então, como domar o cérebro em favor da sua atividade profissional e aumentar a performasse cerebral e emocional?
Reeduque, treine o seu cérebro com Neurofeedback…
Crispina Elaine Lopes de Vargas
14/11/2019 @ 15:27
Muito esclarecedora esta reportagem sobre uma verdade muitas vezes oculta da população. Realmente a situação dos professores no Brasil está abaixo da crítica. Muito desmotivadora a nossa função na realidade atual. Além de enfrentarmos as medidas desastrosas de cada governo que assume o estado, retirando-nos os direitos já adquiridos, sem qualquer perspectiva de reajustes salariais, além de atrasos , parcelamentos. O futuro se nos apresenta desmotivador.
Somam-se ainda as dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia em sala de aula. O adolescente da realidade atual enfrenta-nos com a arrogância, com o desrespeito que nem muitos adultos são capazes de usar. Em sala de aula, impera os seus próprios desejos, a qual tornou-se um espaço para as suas diversões, conversas alheias ao conteúdos e atividades propostos pelo professor. Que ficam ignoradas, incompletas, enfim o caos.
E quando o professor reage, a resposta é truculenta. O aluno não reconhece seu erro e vai para cima do professor e com o apoio da maioria de seus colegas, inclusive daqueles alunos que apresentam boas atitudes e interesse.
Sofremos a pressão do governo em suas medidas autoritárias de desvalorização pelo sistema. Sofremos a pressão diária na nossa sala de aula.
Conversando no Dia “D” com colegas de diversas escolas, tanto da esfera estadual como municipal, ouvi relatos assustadores de fatos ocorridos em diversas escolas, em que o professor, assim como os alunos, podem até estarem correndo risco em sua segurança. São fatos pontuais, mas que nos deixam ainda mais inseguros no exercício de nossas função.
Deveríamos receber a gratificação própria relativo a esse seguro. Pois, mesmo muitas vezes, não sofremos o risco físico, somos frequentemente agredidos moral ou psicologicamente diante de certas agressividades que enfrentamos. Essas agressões, essas ameaças abalam a estrutura do profissional e isso repercute em sua saúde física, tornando-nos vulneráveis a tensões, estresse e depressões pela continuidade de tais experiências em nossa vida profissional. Em que todos perdem. Todos merecem um professor saudável, que possa oferecer uma educação de maior qualidade, num ambiente seguro.
Aline
17/11/2019 @ 06:59
Concordo em partes com a pesquisa realizada. Sei que a violência tem aumentado cada dia mais e sendo incentivada pelas mídias, pois, quando acontece um ato de violência, vira notícia e os trabalhos realizados com sucesso pelos profissionais ficam escondidos. Professores adoecem pela cobrança, por levarem trabalhos para casa, porque a escola virou uma entidade social e acolhedora, por serem desvalorizados, por essa sociedade que julga, culpa e querem se intrometer no trabalho de quem realmente estudou o assunto. O desrespeito nem sempre é por parte dos alunos, percebo que tem muito professor que acaba desrespeitando o próprio colega de profissão.
Maria Aparecida
17/11/2019 @ 09:19
Sofri demais ..n foi fácil n se render a antidepressivos para a ansiedade e insônia. A terapia ajuda muito a entender que, não somos culpados pelo desinteresse da população escolar. A gestão tb fica vulnerável e por isso n nos apoia. Terrível!! Assim que perdi a sala de aula, decidi me afastar por um semestre e recuperar minha saúde! Foi a melhor decisão…
MANOEL DA SILVA RAMOS JUNIOR
09/03/2020 @ 20:17
Esperamos soluções enquanto enfrentamos a dura realidade. Parabéns pelo trabalho de pesquisa
Lidinauva Buscariolli de Souza
17/11/2019 @ 18:24
Tudo isso é verdadeiro . Porém existem ainda a pressão psicológica do próprio sistema educacional, em relação aos problemas sociais, que é o meio que os alunos vivência. Sem contar com o sistema político que para alcançar exeto e se manter no poder, através do voto da comunidade escolar essa corja preferem sacrificar os professores para não se dispôr com os pais ….
Prof. Madalena Vieira
18/11/2019 @ 07:22
Parabéns pela reportagem… Realmente. nós professores estamos a mercê de governantes que a cada ano que passa desvalorizam cada vez mais a carreira , retirando os direitos e perspectiva de melhores salários… Estamos a mais de 5 anos sem reajuste salarial… Nosso plano de carreira foi massacrado por governador covarde e corrupto, que deixou o estado falido… Sofremos agressões verbais e morais a todo instante, as quais não dão divulgadas por nós docentes… De fato , nota_ se a desvalorização e falta de compromisso com a Educação no país… Algo lamentável, que torna a nação cada vez mais medíocre e escrava de governantes que governam em benefício próprio… E o reflexo de todo o desrespeito está refletido nos dados desta pesquisa que apontam o desgaste emocional dos professores no país…
Maior a exploração mais os professores sofrem com ansiedade e estresse - SINPROEP-DF, Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal.
20/11/2019 @ 10:43
[…] Observatório do Terceiro Setor […]
Luzia
10/03/2020 @ 15:15
Infelizmente!!! Quase todos. Exceto . Eu tenho mais de 30 anos e não tenho nenhum problemas, um pouco de anciedade , mas controlada . Percebo que a maioriam dos professores trabalham os três períodos , acabam perdendo as suas saúde. Eu trabalhei e trabalho apenas meio período, descanso bem todos os dias. A minha saúde e o meu psicológico bom que importa .
Vera Lucia
12/03/2020 @ 18:03
Parabéns pela matéria, assunto atual e verdadeiro. Hoje sou uma professora depressiva, com várias medicações controlada. Tenho SAG , sou Bipolar ??. Td isso adquirido em anos de trabalho em sala de aula. Luto contra minha mente 24hs. Pensa no inferno. Às vezes tenho crises horríveis de ansiedade ?. Quando o sistema vê que vc não consegue mais produzir, ti jogam pra lateral ??