Amazônia: desmatamento nos primeiros meses do ano aumentou 70%
Amazônia teve desmatamento em 1.954 km² nos quatro primeiros meses de 2022. Número é 69% maior do que o registrado no mesmo período de 2021
Por Juliana Lima
De acordo com o sistema de alertas de desmatamento em tempo real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o DETER, a Amazônia sofreu desmatamento em 1.954 km² nos quatro primeiros meses de 2022. O número é 69% maior do que o registrado no mesmo período em 2021 (1.153 km²).
“Esse valor é extremamente alto para esse período, que marca o início do período da seca na Amazônia quando o desmatamento costuma aumentar. É um alerta da imensa pressão que a floresta está sofrendo nesse ano”, afirma Mariana Napolitano, gerente do WWF-Brasil para Ciências.
Napolitano explica que, nesse ritmo, os recordes de destruição serão quebrados neste ano: “Esse desmatamento é majoritariamente ilegal, causado principalmente pelo aumento no roubo de terra pública (grilagem), do garimpo ilegal e conflitos cada vez mais intensos na região”.
Em abril, o INPE registrou uma área de 1.012 km² da Amazônia sob alerta, um aumento de 75% em relação ao mesmo mês de 2021 (580 km²). É o pior resultado para o mês de abril desde 2016. Segundo o WWF-Brasil, esse valor costuma ser atingido somente em maio e junho, quando se está próximo do pico sazonal de desmatamento no Brasil. Os estados em pior situação foram Amazonas (347 km²), Pará (287 km²) e Mato Grosso (242 km²).
“O contexto forma uma tempestade perfeita. Internamente, temos três anos de impunidade, com redução das ações de controle, fiscalização e autuação, agravados em 2021 por um discurso ainda mais permissivo por causa da temporada eleitoral. E, com a guerra, a escassez de produtos aumenta o valor das commodities e vigora a falsa ideia de que é necessário desmatar mais para produzir mais, o que é um equívoco. A floresta não suportará mais quatro anos com essa pressão”, diz Raul Valle, diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil.
Degradação
O aumento significativo na área sob alertas de degradação também é um sinal importante de outras formas de pressão sobre a floresta. “A degradação leva em conta áreas que sofreram corte seletivo, por exemplo. O corte seletivo pode alterar a estrutura florestal, mas não é considerado desmatamento. Porém, ele pode ser o primeiro estágio de um processo de remoção completa das árvores de uma floresta”, explica Napolitano.
Em abril, foram mais de 240 km² de alertas nessa categoria, somando 506 km² nos primeiros quatro meses de 2022, o que é praticamente o dobro da área observada no mesmo período de 2021 (256 km²).
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