Crianças palestinas estão sendo presas e condenadas em Israel

As cadeias israelenses mantêm entre seus presos crianças palestinas. A maioria por jogar pedras ou xingar soldados israelenses. Todos os anos, os tribunais israelenses processam entre 500 e 700 jovens palestinos, principalmente por acusações de lançamento de pedra, de acordo com a ONG Defense for Children International-Palestine. Desde o ano de 2000, a estimativa é que em torno de 10 mil crianças e adolescentes já tenham sido detidos na Cisjordânia, incluindo crianças de 6 e 7 anos de idade.

Uma das adolescentes presas, Ahed Tamimi, tem 16 anos, é palestina e foi presa em 19 de dezembro do ano passado, após a divulgação de um vídeo em que aparece chutando um soldado israelense no pátio de sua própria casa, quatro dias antes da detenção. Naquele 15 de dezembro, horas antes, seu primo Mohammed Tamimi, de 15 anos, havia sido alvejado com um tiro no rosto por soldados israelenses durante um protesto. Com o incidente, o garoto teve uma bala de metal revestida de borracha alojada no seu crânio. Mohammed passou por cirurgia para removê-la parcialmente.

Desde então, Ahed Tamimi está presa em uma unidade do exército israelense, acusada de 12 crimes, entre os quais “ter agredido as forças de segurança, lançado pedras, ter proferido ameaças e participado de distúrbios”. O procurador militar do caso pediu 10 anos de prisão para a adolescente. Além da agressão ao soldado de Israel registrada no vídeo, as acusações incluem incidentes ocorridos há dois anos, como atirar pedras.

No último dia 17, Tamimi foi condenada à prisão pela corte militar israelense. Ela terá nova audiência no tribunal militar e, para marcar a data, organizações de direitos humanos estão realizando atos clamando por sua liberdade em diversas cidades do mundo. Em São Paulo, o ato foi realizado no último dia 31, no vão livre do Masp.

Faz anos que a prisão de crianças e adolescentes vem chamando a atenção de ONGs e entidades internacionais. A organização Save the Children divulgou um relatório em 2012 no qual revela que, das centenas de crianças palestinas detidas nas cadeias israelenses todos os anos, a grande maioria sofre com pesadelos, enurese noturna e ansiedade após a libertação.

O relatório também afirma que o Exército israelense deteve mais de 8 mil crianças palestinas na Cisjordânia ocupada e processou crianças de até 12 anos em tribunais militares, a maioria delas suspeitas de jogar pedras. E que 98% das crianças detidas relataram ter sido submetidas a violência, seja física ou verbal, pelos soldados israelenses.

A Organização das Nações Unidas (ONU) vêm denunciando há alguns anos a prisão de crianças e classifica como “desumano e cruel o confinamento solitário de crianças palestinas por Israel.”