Desigualdade: 705 mil homens brancos detêm 15% da renda nacional
Pesquisa da USP revela tamanho da desigualdade de renda no Brasil. 705 mil homens brancos concentram mais renda do que 32,7 milhões de mulheres negras
Por Laura Patta
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostra o tamanho da desigualdade de renda brasileira. De acordo com a pesquisa, 705 mil homens brancos que integram o grupo do 1% mais rico da população detêm 15,3% da renda nacional. A porcentagem é maior que a renda da população de mulheres negras no Brasil, que compõem 14,3% da renda.
Os dados também mostraram que a renda média mensal dos homens brancos que integram o 1% mais rico da população é de R$ 114.944,50. Enquanto isso, as mulheres negras, que somam 32,7 milhões de pessoas e representam 26% da população brasileira, têm renda média de R$ 1.691,45.
A pesquisa intitulada Quanto fica com as mulheres negras? Uma análise da distribuição de renda no Brasil, foi realizada pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, pelos pesquisadores Ana Bottega, Isabela Bouza, Matias Cardomingo, Luiza Nassif Pires e Fernanda Peron Pereira.
Levando em consideração os resultados do estudo, os pesquisadores destacaram a importância de uma agenda antirracista na concepção de políticas públicas no Brasil e no mundo.
Para Luiza Nassif Pires, pesquisadora do Made e do Levy Economics Institute do Bard College, nos Estados Unidos, a desigualdade de oportunidades que afeta especialmente as mulheres negras tende a se reproduzir, o que forma uma estrutura muito rígida.
A pesquisadora considera que a pandemia agravou a concentração de renda e aumentou a desigualdade na intersecção de gênero e raça. Ela também acredita que a redução do auxílio emergencial tornou a assistência incapaz de reduzir a desigualdade.
“O efeito da pandemia tende a demorar mais para passar. A taxa de desemprego agora começa a cair primeiro para os homens brancos, enquanto a taxa de participação das mulheres negras no mercado segue em desvantagem,” afirma Luiza.
A pesquisadora ainda acredita que vários fatores influenciam na diferença na remuneração das mulheres, como tipo de emprego, o preconceito em relação à capacidade e a descontinuidade do trabalho. Ela explica que a forma como a divisão do trabalho se dá leva as mulheres para trabalhos cada vez mais precários, com menos direitos e salários mais baixos
Já Maitê Gauto, gerente de Programas e Incidência da Oxfam Brasil, salienta a condição das mulheres negras como maioria em trabalhos domésticos.
“Trata-se de um grupo de alta vulnerabilidade, sem garantia trabalhista ou proteção social. Durante a pandemia, informais e domésticos foram os grupos mais afetados, por terem sido dispensados do trabalho ou pelas medidas de distanciamento que levaram à queda na renda,” acrescenta ela.
Fonte: Folhapress
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