Empregada foi resgatada de trabalho escravo em zona nobre de SP
O lugar em que a mulher vivia era uma espécie de depósito. Ela dormia em um sofá sujo e não tinha acesso a banheiro. Também não recebia salário desde 2011
Uma mulher de 61 anos foi resgatada de uma casa na região do Alto de Pinheiros, zona nobre da capital paulista, por viver em situação de trabalho escravo contemporâneo, além de ter sido abandonada no imóvel pelos patrões, que se mudaram de madrugada e sem avisar.
A empregada vivia no quartinho dos fundos, sem acesso à casa principal, que estava trancada, vazia e à venda, após a mudança dos patrões.
A moradora da casa, Mariah Corazza Üstündag, 29, chegou a ser presa em flagrante no dia 18 de junho, mas foi solta após pagar fiança de R$ 2.100. O marido dela, Dora Üstündag, 36, também foi indiciado pela Polícia Civil.
Mariah é executiva de uma grande empresa de cosméticos, segundo seu perfil no LinkedIn. Ela é filha da cosmetóloga Sônia Corazza, conhecida consultora na indústria de produtos de beleza.
A Justiça do Trabalho em São Paulo atendeu parte de um pedido feito pelo Ministério Público do Trabalho e bloqueou a casa, para que ela não possa ser vendida até o fim do processo. Também determinou a liberação de três parcelas do seguro-desemprego para a vítima.
Segundo a procuradora do trabalho Alline Pedrosa Oishi Delena, que acompanhou a operação e assina o pedido judicial, a denúncia de trabalho escravo e violação de direitos humanos foi feita por meio do Disque 100.
O lugar em que a mulher vivia era uma espécie de depósito. Ela dormia em um sofá sujo e não tinha acesso a banheiro. Desde o dia do resgate, a doméstica está abrigada na casa de um morador da mesma rua. No pedido cautelar feito à Justiça nesta semana, o MPT pediu que o casal fosse obrigado a pagar uma pensão no valor de um salário mínimo.
A relação da família Corazza com a vítima começa em 1998, segundo o MPT, quando ela é contratada por Sônia como empregada doméstica. Nessa primeira fase, ela trabalhou sem registro em carteira por 13 anos, não teve férias ou 13º salário.
Em 2011, a casa em que essa mulher morava desabou e, segundo o relato feito por ela à equipe que a resgatou, Sônia teria oferecido abrigo na casa de sua mãe, na mesma rua em que morava. Na época, Sônia deixou a casa na capital e foi viver em um município da Grande SP. As filhas continuaram morando no local.
A mulher então, continuou trabalhando como empregada, mas já não recebia mais um salário. Por estar mais vulnerável e morando de favor, deixou de receber um salário.
Uma vizinha disse, em depoimento, que desde o início da pandemia a empregada pedia para usar o banheiro da casa dela, pois tinha sido proibida de acessar a lavanderia da casa dos patrões.
A operação de resgate da empregada foi conduzida pela Conaete (Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Escravo) do MPT, com a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania e a DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa).
O advogado Eliseu Gomes da Silva afirmou que a família Corazza não vai se manifestar neste momento sobre o que aconteceu.
Fonte: Folha de S. Paulo
Eduardo
27/06/2020 @ 13:51
Fiança de 2100 reais é uma vergonha.Espero q PELO MENOS o desfecho dessa situaçao sirva de exemplo para o BRASIL.
Wagner José dos Santos
28/06/2020 @ 00:05
É um absurdo, essa patroa é pior que um animal. O fato de ser rica, não lhe dá o direito de tratar ninguém dessa forma. Eu comecei a entender uma coisa, quanto mais se estuda e mais cuuto você se é, mais arrogante e alto suficiente vc se torna e menos humano. Que pague até a última moeda para essa empregada. Tadinha.
@ntonio
28/06/2020 @ 13:55
“Uma grande empresa”… AVON… AVON é o nome da empresa. E a gestão foi muito ética; demitiu a tal fulana’ ou, ao menos desvinculou o se nome de uma pessoa tão espúria.
Maria de Lourdes Alves Tatsch
28/06/2020 @ 17:32
Só quem não sabe, não lê ou estuda, apoia um regime de restrição e terror. O povo precisar conhecer a verdade.
Escravizados: mil pessoas no Brasil foram resgatadas de trabalho escravo
15/07/2020 @ 15:28
[…] caso que chamou a atenção recentemente foi de uma mulher de 61 anos resgatada de uma casa na região do Alto de Pinheiros, zona nobre da capital paulista, por viver em situação de trabalho escravo contemporâneo, além […]