Faixa de Gaza: a realidade do trabalho humanitário em meio ao conflito
O Observatório do Terceiro Setor conversou com a organização internacional ActionAid, que detalhou como está sendo a sua atuação na corrente de ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.
Por Redação.
O conflito entre Israel e Hamas já resultou em mais de 10 mil mortes desde o início do confronto. No território da Faixa de Gaza, o número de óbitos já passou de 7 mil, sendo 3 mil delas crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do movimentos islamita Hamas. A equipe do Observatório do Terceiro Setor conversou com Soraida Hussein-Sabbah, da ActionAid Espanha, para entender mais sobre a visão interna do conflito.
A atuação de organizações à frente da ajuda humanitária no território de Gaza está altamente descoordenada, por conta da escassez e falta de recursos básicos como medicamentos, água, alimentos e gás. Segundo Soraida Hussein-Sabbah, especialista em Gênero e Advocacy da ActionAid Espanha, baseada em Ramallah, território palestino ocupado, o suporte às vítimas está sendo quase impossível.
“Gaza está sitiada há 17 anos e já foi atacada militarmente mais de cinco vezes, então é possível imaginar como já estava a situação antes do ataque atual. O trabalho humanitário tem sido quase impossível, senão altamente desafiador, devido à recusa em permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.”, relata a especialista.
De acordo com Soraida Hussein-Sabbah, há quase 5000 mulheres grávidas e diversos recém-nascidos em incubadoras que necessitam de suporte médico, porém não tem garantia alguma desse suporte, já que os hospitais estão lotados por conta dos feridos e pessoas encontradas soterradas embaixo de suas casas destruídas.
“Existem também aqueles que precisam de medicamentos para doenças crônicas. Além disso, o leite, as vitaminas e a nutrição essencial para recém-nascidos, crianças e idosos agora são “itens de luxo” em comparação com as necessidades essenciais e vitais que podem ser fornecidas se a ajuda humanitária for permitida a entrar, e não apenas alguns caminhões a cada poucos dias.”
A representante da ActionAid Espanha, também relatou que parte de equipe presente em território palestino teve que se deslocar do Norte de Gaza, onde moravam, em busca de segurança. Ao chegarem no Sul, o bairro onde estavam hospedados foi bombardeado, os obrigando a se locomover novamente. A equipe ainda teve que trocar de localidade pela terceira vez, quando a casa foi destruída por ataques de Israel.
O coletivo de ajuda humanitária está passando por diversas dificuldades e, ainda assim, prestam serviços de suporte para aqueles que estão em situação de necessidade.
Soraida Hussein-Sabbah também reitera a importância de se manter alerta na situação dos funcionários da ActionAid em Gaza. “É um tipo de experiência que nos faz adquirir diferentes habilidades, como se movimentar e perceber riscos rapidamente, sempre manter a mente preparada e estar disponível para se envolver na situação e ser realmente útil. Se você é uma pessoa palestina trabalhando na área humanitária, torna-se duplamente importante ser capaz de ajudar o seu povo – pois você sente a dor e reconhece a situação.”
A ActionAid é uma organização internacional que luta por justiça social, equidade de gênero e étnico racial e pelo fim da pobreza. A organização tem uma equipe que está presente na linha de frente do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, trabalhando pela corrente de ajuda humanitária na região. A ActionAid Brasil também está trabalhando com diversas notas e releases da situação em Gaza, alertando da situação precária que vivem os palestinos nesse momento. Diversas cartas de apelo à ajuda e captação de recursos estão presentes nas redes e no portal da organização.
Desde o início do conflito, uma equipe médica da Cruz Vermelha conseguiu entrar pela primeira vez no território de Gaza para prestar ajuda.
Veja também a entrevista do Observatório do Terceiro Setor com a presidência dos Médicos Sem Fronteiras, que conta sobre o cenário de exaustão em Gaza.
As ações de apoio às vítimas estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente com o ODS 16, referente à paz, justiça e instituições eficazes. A ajuda humanitária também está de acordo com os demais ODSs, como erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem estar, igualdade de gênero, água potável e saneamento e outras, já que o conflito está depredando todas as esferas da vida da população de Gaza.