Igreja apoiava escravidão e condenava quem ajudava escravizados na fuga
O Papa Gregório I condenava os monastérios que facilitavam a fuga de escravizados, afirmando que eles eram consequência do Pecado original e da maldição de Cam. Séculos depois a igreja reconheceu o seu erro, e ao longo dos anos foram divulgados vários pedidos de perdão pelo apoio à escravidão de indígena e negros.
Um passado sombrio que a igreja tenta esquecer, mas durante séculos foi um tormento para escravizados. A Igreja Católica condenava o apoio à fuga de escravizados e negava eucaristia a quem facilitava isso desde a Antiguidade Tardia. O Papa Gregório I condenava os monastérios que facilitavam a fuga de escravizados, afirmando que eles eram consequência do Pecado original e da maldição de Cam.
O Papa Nicolau V autorizou a escravidão de sarracenos e pagãos quando soube da descoberta da América, manteve o apoio a escravidão nos territórios já estabelecidos e apoiou a escravidão em futuros territórios a serem conquistados antes da descoberta das Américas. Os padres Capuchinhos eram excomungados por criticar a escravidão africana.
Os escravizados não eram libertos, mesmo quando eram batizados; o casamento entre escravizados também era forçado, com o objetivo de perpetuar o regime de conscrição. O liberal Joaquim Nabuco era um dos políticos do Império brasileiro que conciliava abolicionismo com Anticlericalismo. Inicialmente, o catolicismo espanhol antes de Bartolomeu de las Casas apoiava a escravidão indígena – muito inspirada na jurisprudência islâmica da Dawa.
Os jesuítas criticavam a escravidão de indígenas, mas apoiavam a escravidão africana; o próprio Vaticano apoiava a escravidão em seus territórios, geralmente por guerra ou por condenação judicial por crimes. O Papa Bento XIV apoiava a escravidão, enquanto o Papa Inocêncio IV também aprovou legalmente o uso de tortura em países católicos contra escravizados.
O Reino Unido, desde o Congresso de Viena estava pressionando o Vaticano a abolir a escravidão por razões religiosas, apesar do fato de que a abolição da escravatura na maioria dos países católicos se deu por causa do movimento liberal local.
A Igreja pede perdão
Séculos depois a igreja reconheceu o seu erro, ao longo dos anos foram divulgados vários pedidos de perdão pelo apoio à escravidão de indígena e negros.
Em 1995, as diretrizes do trabalho pastoral aprovadas pelo plenário da CNBB incluíram um pedido de perdão pelos “pecados” cometidos pela Igreja Católica durante a colonização do país, mesmo após sua independência. O pedido de perdão é dirigido aos índios e aos negros. Com isso, reconhece-se a cumplicidade da igreja no processo de dominação e escravidão.
Pedidos semelhantes já haviam sido feitos pelo papa João Paulo 2º em uma viagem à África e, em 1992, durante conferência de bispos latino-americanos em São Domingos.
Em 2015, o Papa Francisco, durante o Encontro dos Movimentos Populares e Indígenas, na Bolívia, pediu perdão pela escravidão indígena apoiada pela igreja: “Quero ser muito claro no que vou dizer, como foi João Paulo II, para, humildemente, pedir perdão pelas ofensas da própria Igreja contra os povos originários, e também pelos injustificáveis crimes cometidos em nome de Deus durante a chamada conquista da América”.
Fontes: Geledés, Folha de São Paulo e Wikipédia