Manual desenvolvido por ONG mede as relações raciais em sala de aula
A ONG Ação Educativa, em parceria com o Projeto SETA, Unicef, Ministério da Igualdade Racial e Ministério da Educação, lançou a edição atualizada de ferramenta de autoavaliação para escolas interessadas em avaliar práticas antirracistas.
Por Redação
Foi lançada uma edição atualizada dos “Indicadores de Qualidade na Educação – Relações Raciais na Escola – Antirracismo em Movimento”. A publicação é voltada às escolas que desejam fazer uma autoavaliação sobre as práticas antirracistas adotadas ou não pela instituição. Trata-se de um instrumento para que a comunidade escolar possa lidar com situação de diferentes aspectos de sua escola, identificando prioridades, estabelecendo planos de ações, implementanto e monitorando seus resultados.
Elaborados pela ONG Ação Educativa, a metodologia desses indicadores permite que qualquer escola possa se autoavaliar, de acordo com a experiência, as condições, o território e a realidade de cada rede de ensino. Essa edição foi desenvolvida com apoio do Projeto SETA, que se une a Unicef, Ministério da Igualdade Racial e Ministério da Educação, parceiros desde a primeira edição.
Para saber mais informações e ler o documento, acesse o link.
Para o diagnóstico, a publicação propõe um conjunto de perguntas que abordam sete dimensões: relacionamento e atitudes racistas; currículo e prática pedagógica; recursos e materiais didáticos; acompanhamento, permanência e sucesso; a atuação dos profissionais de educação; gestão democrática e participação; para além da escola: a relação com o território.
Com apoio técnico da Faculdade de Educação da USP e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a iniciativa também é uma contribuição para a retomada dos esforços nas políticas públicas comprometidos com a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatória o ensino das histórias e culturas africana e afro-brasileira em toda a educação (pública e privada) e a reeducação das relações étnico-raciais em uma perspectiva antirracista.
Como funcionam os Indicadores de Relações Raciais
Além de questionários voltados à comunidade escolar, a edição atualizada dos “Indicadores de Qualidade na Educação – Relações Raciais na Escola – Antirracismo em Movimento” orienta a realização de plenárias e grupos de trabalho, abordando os desafios para a superação do problema, com propostas para um Plano de Ação Escolar.
“A relação entre qualidade da educação e o racismo no Brasil é muito mais profunda do que se imagina”, afirma Ednéia Gonçalves, coordenadora-executiva adjunta da Ação Educativa. “As escolas onde o preconceito e a discriminação são mais evidentes apresentam as piores médias na Prova Brasil”, acrescenta, referindo-se à avaliação educacional desenvolvida anualmente pelo governo federal em todas as escolas de Ensino Fundamental.
Essa nova edição também inclui materiais de apoio, como vídeos sobre a participação da comunidade escolar na luta contra o racismo, vídeo sobre as relações raciais Brasil e África do Sul e dez cartazes de Afro-brasilidades.
Para Ana Paula Brandão, gestora do Projeto SETA e diretora programática na ActionAid, “os INDIQUEs são uma ferramenta comprovadamente bem-sucedida, de autoavaliação da qualidade na educação. O grande diferencial é que foram construídos de forma participativa, com a contribuição de várias instituições, educadores, professores e especialistas na temática (…). A educação antirracista é a única possibilidade de descontruirmos os quadros e o impacto das desigualdades raciais, sobretudo na trajetória de escolarização de jovens, adolescentes e crianças negras e indígenas”.
O estudo contribui para o ODS 4 e 10, que diz respeito à Educação de Qualidade e Redução das Desigualdades, ambas metas da Agenda de 2030 da ONU.