Metade dos brasileiros conhecem uma mulher que já foi agredida pelo parceiro
Metade da população do Brasil conhece pessoalmente alguma mulher que sofre ou já sofreu algum tipo de agressão por parte do atual ou do antigo companheiro. Porém, apenas 6% dos homens admitem já terem cometido violência doméstica.
Metade da população do Brasil conhece pessoalmente alguma mulher que sofre ou já sofreu algum tipo de agressão por parte do atual ou do antigo companheiro. Porém, apenas 6% dos homens admitem já terem cometido violência doméstica.
É isso o que aponta uma pesquisa realizada em outubro deste ano pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), em parceria com o Instituto Patrícia Galvão e o Instituto Beja e obtida com exclusividade pelo G1. O nível de confiabilidade é de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Após tomar conhecimento de casos de violência, a maioria dos brasileiros procura as vítimas para conversar e, no geral, oferece conselhos focados na segurança e no bem-estar das mulheres, como para denunciarem as agressões à polícia (53%) e terminarem o relacionamento (48%).
Contudo, uma minoria recomenda que as vítimas tomem atitudes visando a manutenção da relação, como para procurarem a igreja (8%) – sendo as mulheres as que mais dão este conselho –, mudarem de comportamento para que o parceiro não fique irritado (7%) e reconsiderarem e fazerem as pazes (6%) – sendo os homens os que mais falam isso.
Apenas 1 em cada 4 homens conversa com o agressor depois de ficar sabendo sobre um caso de violência doméstica. Esse número é ainda menor entre as mulheres – somente uma em cada 10.
Fabíola Sucasas Negrão Covas, promotora de Justiça do Ministério Público (MP) de São Paulo e titular da Promotoria de Enfrentamento da Violência Doméstica do MP-SP, afirma que esse comportamento tem relação com ser capaz de reconhecer o agressor como autor de uma violência.
“É como se aqueles homens relutassem em reconhecer determinados comportamentos como formas de violência. É preciso um engajamento maior dos homens, é uma mudança cultural que precisamos adotar. Há homens que insistem nesses estereótipos baseados em relacionamentos de controle e dominação. É preciso compreender que gênero é uma palavra jurídica, que ela está na raiz do problema e que é preciso desconstruir o sistema de dominação que, historicamente, foi determinado nas vivências do ser homem e do ser mulher.”
O conselho mais dado aos agressores é para que mudem de comportamento (55%), seguido da recomendação de que terminem o relacionamento (41%) e procurem uma ajuda especializada (34%), como atendimento psicológico.
Fonte: g1