Mulheres ficam mais vulneráveis e desempregadas na pandemia
Relatório da Hub Gênero e Número revela o impacto da pandemia no mercado de trabalho com uma perspectiva de gênero e raça
Por: Mariana Lima
Em outubro de 2020, havia 7,1 milhões de mulheres em busca de trabalho no Brasil, sendo que 4,4 milhões delas eram negras.
Apesar de as mulheres representarem 53% da população economicamente ativa brasileira, elas seguem sendo sub-representadas entre os ocupados (43%) e super-representadas entre os desocupados (51%) e fora da força de trabalho (64%), segundo dados do 3º trimestre de 2020 da Pnad Contínua.
Os dados foram analisados pelo relatório Minera, conteúdo analítico produzido pela Hub Gênero e Número.
Os dados que compõem a análise apontam diferenças no nível da ocupação entre homens e mulheres: a proporção de homens com 14 anos ou mais de idade trabalhando era superior ao de mulheres deste mesmo grupo etário também trabalhando.
No terceiro trimestre de 2020, o nível de ocupação dos homens, no Brasil, foi estimado em 57%, e o das mulheres, em 38%.
As mulheres com vínculos trabalhistas formais, mesmo antes da pandemia, já eram minoria. Mas, com a pandemia, essa baixa presença se ampliou.
A recessão de 2020 levou à perda de espaço por parte das mulheres também no mercado de trabalho informal, onde eram 52% nos primeiros meses do ano e passaram a ser 49% no penúltimo trimestre.
Segundo a pesquisa ‘Sem parar: o trabalho e vida das mulheres na pandemia’, também da Gênero e Número em parceria com a SempreViva Organização Feminista, realizada entre abril e maio de 2020, 40% das mulheres afirmaram que a pandemia e a situação de isolamento social colocaram a sustentação da casa em risco.
A maior parte das entrevistadas que têm essa percepção são mulheres negras (55%), que no momento em que responderam à pesquisa tinham como dificuldade principal o pagamento de contas básicas ou do aluguel.
O estudo, além de mostrar que metade das mulheres havia passado a cuidar de alguém na pandemia, revelou que, para 61% das entrevistadas, a responsabilidade com o trabalho doméstico e de cuidado dificultou a realização do trabalho remunerado durante o primeiro período de isolamento social.
Além disso, 4% das mulheres afirmaram que ficou inviável se dedicar a tarefas pelas quais recebiam remuneração.
Fonte: Gênero e Número